Emma e Joaquin: pobre Kant!
Embora não tenha empolgado o público como desejava, O Homem Irracional de Woody Allen está longe de ser um desastre, se tornando ainda mais curioso como o veterano diretor consegue fazer um filme leve sobre traições amorosas e assassinato. Houve quem apontasse semelhanças da história com os aclamados Crimes e Pecados (1989) e Match Point (2005), mas ao contrário da densidade desses dois, o filme investe no tom cômico de uma comédia romântica das mais ligeiras. O filme conta a história de Abe (Joaquin Phoenix), professor de filosofia recém chegado numa universidade e rodeado de mitos sobre si próprio. Alguns atribuem seu pessimismo à traição da esposa, outros à morte de seu melhor amigo no Afeganistão, mas em ambas as histórias ninguém sabe direito o que aconteceu, sabe-se apenas que existe uma verdadeira aura sedutora em torno dele. Essa aura é sentida de perto por sua aluna Jill (Emma Stone, em seu segundo trabalho com Allen), jovem estudante namorada do tranquilo Roy (Jamie Blackley), filha de dois professores do departamento de música e que fica fascinada pelas teorias do novo professor. Existe um constante flerte entre os dois, mas o professor também se envolve com Rita (Parker Posey) que enfrenta problemas com o marasmo do casamento. Poderia ser apenas um filme sobre o triângulo amoroso que se forma, mas Jill e Abe escutam uma conversa num restaurante... que inspira Abe a realizar um crime perfeito e o filme passa a girar em torno disso. Woody Allen é famoso por lançar um filme por ano (o de 2016 é Cafe Society, que foi exibido em Cannes e deve estrear aqui depois das Olimpíadas), penso que ele escreve obsessivamente vários roteiros todos os anos, alguns ele lapida ao longo do tempo (e se tornam pérolas como Blue Jasmine/2013 e Meia-Noite em Paris/2011), outros ele desiste de ficar melhorando e lança quando está apresentável - deve ter sido assim com o mediano Magia ao Luar/2014 e com este aqui. O bom é que O Homem Irracional possui uma série de ironias feitas para agradar os fãs do cineasta (o título se referir a um conceituado professor de filosofia que vira o assassino perfeito, as reflexões sobre Kant e a tola lanterna...), além do belo tratamento visual e uma trilha jazzy mais animada que de costume. Porém, é verdade que o elenco ajuda: Emma Stone está confiante como a jovem que cai de amores pelo professor e Joaquin Phoenix está deliciosamente blasé como um intelectual que reencontra o amor pela vida depois de tornar-se um assassino (o tipo de coisa que só poderia sair da cabeça de Woody Allen).
O Homem Irracional (The Irrational Man/EUA-2015) de Woody Allen com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey, Ethan Phillips e Jamie Blackley. ☻☻☻
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