Lau e Kross: as dificuldades de cada um.
A cinematografia alemã está entre as mais interessantes do mundo, mas é cada vez mais raro ver uma produção germânica chegar aos cinemas brasileiros. Fica ainda mais difícil no caso de um filme que não fez sucesso em Festivais, premiações ou que a crítica não se importou muito. O despretensioso Simplesmente é um destes casos, ainda que a produção esteja bem longe de ser um filme ruim, ela pertence a um gênero que o os críticos começaram a chamar pejorativamente de feel good movie - aquele tipo de filme que mistura drama e comédia, sem muita surpresa e que você sabe que no final tudo dará certo numa cartilha de realismo fantasioso. O filme conta a história de dois irmãos, o primogênito Ben (Frederick Lau) e o caçula, Simpel (David Kross) que aos vinte e dois anos tem o pensamento de uma criança. Os dois vivem com a mãe doente, mas quando esta falece, Ben considera que irá cuidar do irmão. Ele fica surpreso ao descobrir que não será tão fácil. De acordo com as orientações da mãe, Simpel irá para uma instituição especial e viverá afastado do irmão tendo um acompanhamento "adequado à sua situação". Discordando da recomendação, Ben parte com o irmão pela busca do pai desaparecido, único capaz de modificar a recomendação. Nesta jornada os laços entre os manos se estreitam... mas Ben também percebe que cuidar do irmão será mais complicado do que ele imagina. Simplesmente se torna uma espécie de road movie que faz com que a dupla encontre alguns personagens que os ajudam a lidar com os percalços do caminho. Dirigido por Markus Guller (que também assina o roteiro), o filme opta por uma abordagem leve de uma situação bastante dramática, se ganha nossa simpatia por um lado, por outro, ele se se esquiva de uma densidade que faria muito bem à sua temática. Frederick Lau está confortável como o irmão que tenta ser responsável, mas percebe suas próprias limitações para lidar com a situação, já David Kross (que ficou conhecido como o jovem de O Leitor/2008) faz lembrar um pouco a atuação de Leonardo DiCaprio em Gilbert Grape/1993, mas como o roteiro não ajuda muito, por vezes ele se perde em trejeitos e expressões. É verdade que quando o roteiro exige, Kross consegue ser comovente, embora o filme exagere para arrancar lágrimas da plateia (é de uma crueldade sem tamanho colocar dois golpes emocionais seguidos ao garoto). Como você percebe lá pela metade do filme, o final será previsível - mas sem deixar de colocar um dos pés do chão. Simplesmente não é um filme inesquecível, mas nos faz pensar em como lidamos com a vida e as diferenças que encontramos pelo caminho.
Simplesmente (Simpel/Alamanha - 2017) de Markus Guller com Frederick Lau, David Kross, Annette Frier, Ludger Pistor e Emilia Schüle. ☻☻☻
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