sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Na Tela: Nasce uma Estrela

Bradley e Lady: nasce um cineasta. 

Bradley Cooper era visto com desconfiança por muita gente até conseguir a proeza de ser indicado ao Oscar por três anos seguidos. Com os elogios recebidos por O Lado Bom da Vida (2012), Trapaça (2013)  e Sniper Americano (2014), Bradley deixou de ser apenas um cobiçado galã para ser reconhecido como um ator versátil. Nos últimos anos ele não apareceu muito na telona (embora sua voz continuasse presente na voz do guaxinim mais descolado do universo, o Rocket de  Guardiões da Galáxia) por conta do preparo de sua estreia como cineasta. Quando eu descobri que ele faria uma nova versão de Nasce uma Estrela eu só me perguntei se ele tinha enlouquecido. Nasce uma Estrela estreou no cinema em preto e branco no ano de 1937 com Janet Gaynor na pele de uma jovem que se apaixona por um cantor decadente - enquanto ela se torna mais famosa. Depois foi a vez de Judy Garland fazer o mesmo em 1954 e a versão mais famosa do filme deve ser a de 1976, onde Barbra Streisand obteve um de seus melhores momentos na telona - e ainda levou para casa o Oscar de melhor canção pela belíssima Evergreen. Será que o mundo merecia mais uma versão desta história? Cooper não apenas considerava que merecia, como achava que com Lady Gaga seria muito melhor. Gaga ficou famosa como a cantora de roupas insanas e música pop cheia de arranjos eletrônicos, mas no meio do caminho ganhou um controverso Globo de Ouro por seu trabalho na série American Horror Story: Hotel (2010) - e ao julgar pelo entusiasmo da crítica, parece que ela terá outro em breve. Tão logo o filme foi exibido, os críticos caíram de amores pela nova versão, especialmente pela habilidade com que Bradley Cooper conduz as cenas. Nas cenas de palco temos a sensação de estar vendo de fato um filme sobre a turnê de um artista, com uma energia impressionante sobre o palco. Por outro lado, quando vemos as cenas do relacionamento entre os protagonistas, o sabor é de uma crônica amarga sobre o estrelato. Gaga interpreta Ally, jovem que tem uma voz poderosa e gosta de compor, mas que não considera que seu talento compense a aparência. Além de dirigir, Cooper atua como Jack, o cantor decadente que bebe mais do que devia, mas que percebe em Ally a chance de ter novo fôlego em sua carreira e vida pessoal. Embora a trama seja a mesma das outras versões, Cooper consegue dar novas camadas ao seu personagem ao ponto de roubar a cena com um trabalho realmente impressionante, do olhar, passando pelo sotaque (que parece inspirado em Jeff Bridges) e a postura no palco, o ator simplesmente desaparece no personagem. Já Lady Gaga está... bem, mas ajudaria bastante se a overdose de botox não atrapalhasse suas expressões faciais. Sorte que a química entre os dois funciona bem e a montagem bastante dinâmica ajuda bastante neste dramático musical. Não lembro do final das outras versões haver um tratamento tão obscuro, mas o fato é que em Nasce uma Estrela, nasceu um bom diretor que não tem medo de desafios.

Nasce Uma Estrela (A Star is Born / EUA - 2018) de Bradley Cooper com Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliot e Rafi Gavron. ☻☻☻

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