Gomez, Wong e Benedict: boas ideias em roteiro capenga.
Antes de tudo quero deixar registrado que o texto a seguir é fruto de muita reflexão nos últimos dias. Pois é minha gente, não bastasse os boletos, o trabalho exaustivo durante a semana (que permanece deixando pouco tempo para que eu escreva mais por aqui) eu ainda encontro tempo para ficar pensando sobre os rumos dos filmes da Marvel no cinema. Acho que já escrevi por aqui que ando preocupado com esta nova fase do estúdio. Desde do sucesso arrebatador de Vingadores: Ultimato (2019), já foram lançadas seis programas de TV, destes, cinco dão continuidade ao que vimos anteriormente nas telonas. Também foram lançados quatro filmes que não dialogam entre si e este novo Doutor Estranho é o quinto que segue a mesma linha (ok, os benevolentes dirão que ele remete ao Homem-Aranha anterior, mas... nem tanto como deveria). A nova aventura de Strange, demonstra que, talvez daqui para frente, quem não assistir aos programas disponíveis no Disney+ possa sentir-se um tanto perdido no que está acontecendo (e talvez até quem assistiu sinta isso). Aqui, Doutor Estanho (Benedict Cumberbatch com sua competência habitual) já tem plena certeza dos estragos que mexer com o Multiverso pode causar - e a coisa só complica quando ele conhece uma garota capaz de atravessar multiversos - mas que não sabe lidar com suas habilidades. Eis que para resolver umas pendengas, Estranho decide procurar Wanda (Elisabeth Olsen) que depois de suas traumáticas experiências de manipulação da realidade em Westview (em Wandavision/2021), demonstra interesse em utilizar os poderes da garota para ter seus filhos de volta. Este é o ponto de partida do filme que dará voltas e mais voltas para voltar sempre ao mesmo lugar. Wanda aqui está mais para Feiticeira Escarlate do que para a aliada que estávamos acostumados nos filmes anteriores e o diretor Sam Raimi se diverte com as possibilidades que tem nas mãos. Originário do terror, Raimi entrou para história dos filmes de super herói com os primeiros filmes do Homem-Aranha (2002) e aqui homenageia suas origens com cenas e citações que ambicionam construir o primeiro filme de terror na Marvel. Sim, existem cenas feitas para dar medo, mas não avançam tanto pelo tom de diversão (e não há problema nisso), seja quando Strange habita seu cadáver de outro multiverso ou quando Wanda sai de um reflexo como se estivesse acabando de ver O Chamado. Se a estética do diretor ajuda a dar corpo ao filme, a alma escorrega pelo roteiro através de soluções sempre rápidas e práticas para problemas que são apresentados como difíceis de resolver. Ok, cinema é entretenimento, mas cuidado e capricho com o desenrolar da trama não faz mal a ninguém. São tantos atalhos tomados ao longo da sessão que se torna um tanto cansativo (e, particularmente também estou cansando com as participações especiais de outras eras da Marvel no cinema feitas para ganhar gritinhos no cinema e que terminam sem ir a lugar algum). A sorte é que Benedict é tão bom ator que parece até um milagreiro, também ajuda o fato dele estar muito bem acompanhado por Elisabeth Olsen (que aqui faz lembrar mais uma vez seu potencial revelado em Martha Marcy Mae Marlene/2011), seus talentos somados à desenvoltura de Sam Raimi valem o ingresso, mas, ao final da sessão, meu receio recorrente sobre esta nova fase da Marvel permanece. Que venha Thor4...
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (Doctor Strange in the Multiverse of Madness/EUA - 2022) de Sam Raimi com Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Benedict Wong, Chiwetel Ejiofor, Xochitl Gomez, Rachel McAdams e Hayley Atwell. ☻☻☻
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