Perdidos na Praia: perda de tempo.
O diretor que começou a carreira chamando atenção de todo o mundo com o sucesso colossal de O Sexto Sentido (1999) chegou a ser chamado de novo Steven Spielberg (regado a todo o exagero que a imprensa americana adora quando um novo nome desponta no mainstream). Em seus projetos seguintes as ideias interessantes continuaram por meia década, depois a coisa começou a desandar. Suas tramas de mistério casadas com a estética arrojada careciam de roteiros mais lapidados e sua carreira quase naufragou na década passada. A carreira ganhou novo fôlego quando tirou da cachola uma trilogia que ninguém esperava de Corpo Fechado (2000) com Fragmentado (2017) e Vidro (2019), que encerrou despertando o ódio de muita gente. Ano passado ele voltou com a ideia intrigante de Tempo, onde um grupo de desconhecidos está preso em uma praia paradisíaca e percebem que o tempo começa a passar diferente por lá. Quando o filme começa com foco no casal em crise Guy (Gael Garcia Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) chegando num resort com os filhos, a coisa parece começar bem com um clima de Ilha da Fantasia (a série, não o filme tosco de 2020), mas quando o filme começa a apresentar os outro personagens já começa a incomodar com seu didatismo (colocar um menino que pergunta o nome e a profissão de cada personagem é uma das saídas mais preguiçosas que já vi). Quando todos se vêem presos na praia a coisa desanda de vez, os mistérios começam a se acumular de forma igualmente preguiçosa em soluções fáceis para que a história continue seguindo em frente no tranco rumo ao desfecho decepcionante. Os toques de terror e suspense não compensam o clima sem graça e desinteressante de ver os personagens ficando mais velhos sem saber muito bem o que fazer por quase duas horas, repetindo as mesmas falas e expressões de perplexidade. Uma ideia que parece interessante se torna cada vez mais sonolenta e, ironicamente, uma grande perda de tempo. Baseado na Graphic Novel chamada Sandcastle de Pierre Oscar-Levy e Frederick Peters, a melhor sensação que o filme me proporcionou foi a de não ter ido assistir no cinema. Esperando sua disponibilidade no streaming, tive a chance de cochilar várias vezes e persistir, retornando ao ponto em que dormi e constatar que a culpa não era do meu cansaço, mas do filme mesmo. Tenho a impressão que M. Night Shyamalan é um cineasta que quer receber o título de mais cansativo de todos os tempos. Seu vício em tramas cheias de mistérios e surpresas no final soam cada vez mais saturados.
Tempo (Old / Estados Unidos - Japão / 2021) de M. Night Shyamalan com Vicky Krieps, Gael Garcia Bernal, Rufus Sewell, Alex Wolff, Ken Leung, Aaron Pierre e Thomasin Mckenzie. #
Nenhum comentário:
Postar um comentário