Spider Man 3: em luto por Tobey "Parker" |
Acho que ninguém entendeu muito bem porque resolveram reinventar as aventuras de Spider Man no cinema com O Espetacular Homem Aranha que acaba de chegar aos cinemas. Mesmo que uma produção capitaneada por Marc Webb (500 Dias com Ela/2009) estrelada pelo badalado casal Andrew Garfield e Emma Stone não mereça desprezo, as aventuras em que Peter Parker tem a cara de Tobey Maguire (e o estilo de Sam Raimi) ainda estão muito frescas na memória. Falando assim nem parece que o primeiro filme do Homem Aranha chegou aos cinemas há uma década. Foi em 2002 que o herói aracnídeo chegou às telas. Todo mundo se derreteu em elogios a Tobey Maguire (diziam que ele tinha nascido para ser Peter Parker), os fãs ficaram boquiabertos com os efeitos especiais que faziam o herói se pendurar nas teias entre os prédios de Nova York e o apelo do filme foi ainda maior com a ênfase que a produção deu ao romance de Parker com Mary Jane (Kirsten Dunst). Toda a desconfiança que paira sobre O Espetacular Homem Aranha reside sobre as semelhanças com este primeiro longa da franquia - que apresenta como o nerd Parker recebeu super-poderes ao ser atacado por uma aranha modificada genéticamente. O rapaz franzino tem seus músculos anabolizados da noite para o dia e recebe maior agilidade, além de habilidades como lançar teias e se pendurar em paredes. Todo mundo se identificou com o herói adolescente que era perseguido na escola, tentava conquistar a garota dos seus sonhos e ainda tentava conseguir emprego (e o trabalho como fotógrafo freelance até que melhorou com as fotos exclusivas do Aranha). Raimi conferiu um estilo inconfundível ao filme, a fotografia solar e um humor que primava pela ingenuidade resgatavam o clima dos primórdios do herói nas HQs, além disso o longa conferiu um slogan à franquia: "grandes poderes trazem grandes responsabilidades". O ponto mais criticado do filme foi o vilão Duende Verde (Willem Dafoe), que se esconde sobre a identidade do Dr. Norman Osborne, pai do melhor amigo de Peter, Harry (James Franco) - que não por acaso, disputa com Peter o coração de Mary Jane. A cena em que o herói é salvo pelos civis de Nova York foi uma das coisas mais bem boladas da história. Com boas cenas de ação e história amarradinha, o filme serviu como excelente cartão de apresentação da franquia e apresentou todos os elementos necessários para as próximas aventuras do herói na telona.
A primeira aventura: beijo histórico.
Sem a pressão da primeira aventura Homem Aranha 2 (2004) é considerado por muitos o melhor da franquia. O motivo para isso é o roteiro mais elaborado que se preocupar mais em aprofundar o personagem do que gerar cenas de ação. Sam Raimi se preocupou com os dilemas de Parker em preservar sua identidade secreta e com a crise gerada pela ausência do tio. Essa crise existencial aumenta quando seu romance com Mary Jane passa a ser ameaçada pela agenda ocupada do herói. Não bastasse todos esses problemas na vida pessoal, o filme tem como vilão o Doutor Octopus (Alfred Molina) que é desenvolvido com mais generosidade pelo roteiro. Assim como o Duende Verde, trata-se de um cientista que tem o seu lado sombrio despertado por uma de suas invenções, no entanto, o roteiro consegue construí-lo não de forma maniqueísta, mostrando-o mais como prisioneiro de sua criação. Correndo por fora na trama ainda está Harry Osborne que nutre um desejo de vingança contra o herói aracnídeo (a quem atribui a morte de seu pai). Se Harry tem contas a ajustar com Spider Man, com Peter Parker ele ainda precisa resolver sua relação com Mary Jane. Com um tempo de duração maior, Sam Raimi conseguiu realizar o filme que queria. Com tom mais dramático e reviravoltas, o filme consolidou a franquia como uma das mais lucrativas do século XXI e tornou ainda mais certo uma terceira aventura. Acho que só a o estúdio não gostou desta segunda aventura, já que em Homem Aranha 3 o estúdio resolveu tomar as rédeas da aventura com o objetivo de acrescentar coisas demais numa estrutura que já se mostrava funcional. No terceiro filme, os traumas de Parker com relação à morte de seu tio voltam à trama. Parker descobre que Flint Marco (o ótimo Thomas Haden Church), o assassino de seu tio está fora da prisão e não vai demorar muito para que o herói descubra que o vilão recebeu super-poderes num acidente nuclear, tornando-se o Homem-Areia. Os dramas do Homem Areia e seu confronto com o Homem Aranha já seriam suficientes para segurar o filme, mas ainda resolveram colocar Harry Osborne como um novo Duende Verde e arranjar espaço para Venom, malfeitor construído a partir da substância alienígena que alterou o uniforme original do herói e despertou seu lado mais sinistro - ou eu deveria dizer emo? Para ameaçar o território de Mary Jane ainda arranjaram lugar para Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard) numa aparição totalmente fora do contexto das HQs. Como dá para perceber, o filme peca pelo excesso: muitos personagens, muitas subtramas, muitas coisas para resolver em suas duas horas e vinte minutos de duração. O desespero em "renovar" o personagem rendeu cenas questionáveis e que serviu de pretexto para começar do zero a franquia. Uma pena, já que Sam Raimi cogitava colocar as coisas nos trilhos na quarta aventura que foi abortada pelo estúdio depois de argumentar problemas com as agendas dos envolvidos.
Spider Man2: réquiem para um herói.
Homem Aranha (Spider Man/EUA-2002) de Sam Raimi com Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Willem Dafoe, J.K. Simmons e Rosemary Harris ☻☻☻☻
Homem Aranha 2 (Spider Man2/EUA-2004) de Sam Raimi com Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Alfred Molina, James Franco e Rosemary Harris ☻☻☻☻
Homem Aranha 3 (Spider Man3/EUA-2007) de Sam Raimi com Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Thomas Haden Church, Topher Grace, Rosemary Harris e Bryce Dallas Howard ☻☻
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