sábado, 21 de maio de 2022

PL►Y: Caça-Fantasmas - Mais Além

 
Rudd e o novo elenco: renovação de fôlego.

Os dois filmes originais de Os Gaça-Fantasmas estão entre os mais queridos de Hollywood de todos os tempos. É verdade que o primeiro é inigualável, o segundo não é tão bom, mas a magia manteve a magia da saga que encerrou precocemente sem que um terceiro acontecesse. Por muito tempo se pensou em fechar uma trilogia, mas problemas com roteiro, elenco e produtores nunca viabilizaram a empreitada. Na crise criativa que assola Hollywood há algum tempo, voltaram os olhos novamente para a franquia e realizaram aquela versão estapafúrdia (me recuso a chamá-la de feminista, ok) estrelada por comediantes que tentavam salvar um roteiro sofrível e sem graça. O notável desarranjo sepultou qualquer chance de revigorar a franquia nos anos seguintes e acharam melhor passar uma borracha fingindo que aquele filme nunca existiu. Fingir que filmes nunca existiram e apertar o botão de reboot se tornou uma outra especialidade na Hollywood recente - mas talvez num futuro próximo inventem um multiverso misturando os filmes, já que está na moda. Diante do desastre exorcizado de Paul Feig, resolveram apelar para a nostalgia regada com um bocado de apelo emocional. A nostalgia fica por conta de reverenciar os filmes originais com seus conceitos e personagens clássicos em participações especiais, dando uma certa continuidade aos filmes que todo mundo já deve ter assistido ao longo dos quase quarenta anos do primeiro filme. O apelo emocional transcende a relação dos fãs com o filme e rendeu a escalação do diretor, Jason Reitman, filho do diretor do longa original, Ivan Reitman. Se Ivan sempre foi chegado às comédias de estúdio, Jason sempre manteve uma postura mais indie, que de vez em quando cai na graça das premiações (vide Juno/2007 e Amor sem Escalas/2009). A escolha de Jason faz toda a diferença, já que para além do tom de aventura e terror de brincadeirinha, ele possui a habilidade necessária para transformar aqueles personagens em carne e osso com seus problemas de verdade. Além disso, existe ali um espectro paternal latente, seja na personagem Callie (Carrie Coon) que teve problemas com o pai do qual herdou uma casa considerada abandonada e considerada mal assombrada pelos moradores de uma cidadezinha perdida no mapa, seja na ausência de um pai na família ou na figura zelosa de um professor. O roteiro tenta deixar um mistério acerca de quem seria o pai da personagem, remetendo diretamente ao quarteto que caçava fantasmas em Nova York na década de oitenta. Quem começa a desvendar o passado misterioso do falecido é a menina Phoebe (a sempre ótima McKenna Grace), uma pequena nerd que adora física e que ainda precisa se adaptar à vida na nova cidadezinha ao lado do irmão, Finn (Finn Wolfhard). Logo os dois terão poucas amizades e a ajuda de um atencioso professor, Grooberson (Paul Rudd) para depois se darem conta que a cidade está prestes a explodir em atividades fantasmagóricas. Cheio de referências aos primeiros filmes, bom humor e um roteiro simples (mas não simplório), o filme alcança um bom desenvolvimento em seu tom de aventura infanto-juvenil (que bebe muito na vibe da série Stranger Things do qual Finn participa). Vale destacar que além do tom certinho impresso pelo diretor, a produção acertou em cheio na escalação do elenco carismático que alcança uma boa sintonia em cena.  Curiosamente, meu maior problema com o filme foi a cena em que a clássica formação de Caça-Fantasmas (desfalcada pela morte de Harold Ramis) aparece de maneira desanimada. Embora siga a cartilha nostálgica de hoje em dia, a empreitada reconfigura a franquia para uma nova geração de fãs, mas sem decepcionar os antigos - é verdade que alguns vão reclamar de transformarem a franquia em filme "infantil", mas garanto que estes curtiam o desenho-animado que passava nas manhãs da Globo. Hora de esperar o passo além desta nova fase. 

Caça-Fantasmas: Mais Além (Ghostbusters - Afterlife / EUA -2021) de Jason Reitman com McKenna Grace, Carrie Coon, Paul Rudd, Finn Wolfhard, Dan Aykroyd e J.K. Simmons. 

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