Elizabeth e Hawkes: a melhor Olsen de toda a história.
Não lembro de ter visto este filme ganhar espaço nos cinemas. Depois de assistí-lo em DVD acho que, devido a sua estranheza, acabou indo direto para as locadoras. Desde a exibição em Cannes o filme do novato Sean Durkin foi saudado com elogios, principalmente por exibir os genes mais famosos da família Olsen, que foram todos para Elizabeth. Ela é a irmã caçula daquelas gêmeas (chatinhas) Mary-Kate e Ashley Olsen, curioso é que bastou apenas um filme para que ela fosse considerada a melhor atriz da família e quase fosse indicada ao Oscar! Pode parecer truque de marketing, mas a garota, que tinha vinte anos quando o filme foi realizado é realmente bastante competente. O resultado é fruto das aulas de teatro que obteve na infância e os estudos na Escola de Artes de Nova York. A indicação ao Oscar de Lizzie acabou não aparecendo, mas ela colecionou alguns prêmios da crítica e em festivais de cinema independente. Desde o início vemos que Martha Marcy May Marlene não é o tipo de filme realizado para ser um campeão de bilheteria, mas é extremamente eficaz em sua proposta de gerar tensão ao explorar um tema que parece estar voltando à moda. O filme mistura o passado e o presente de Martha (Elizabeth Olsen), uma adolescente que parece ter atravessado problemas familiares e cujo o único parentesco é com uma irmã recém casada (Sarah Paulson). Martha passa a morar com a irmã depois de algum tempo em meio a uma comunidade que parece hippie, mas que mantinha traços de culto abusivo. Liderados por Patrick (John Hawkes), um grupo de jovens viviam em comunidade, com prática de sexo livre e... treino de tiro e prática de alguns assaltos pela redondezas. Isolados do mundo, os rapazes atendem o telefone sob o nome de Mathew Lewis e as garotas com o nome de Marlene Lewis, o que só indica que o grupo tem coisas sérias a esconder. Esse passado obscuro só conhecemos através dos flashbacks que assombram a jovem enquanto a irmã e o cunhado (Hugh Dancy) tentam descobrir o que se passa na cabeça atormentada da garota. Ao que parece, as coisas vão demorar para entrar nos eixos na mente de Martha, principalmente por que as marcas são mais profundas do que ela mesma imagina. Além das atuações, existem vários outros méritos no filme de Sean Durkin. A maior delas é a tensão que o diretor consegue construir vagarosamente conforme a narrativa mescla os fatos do passado ao presente da personagem. A mistura exala um perigo iminente que culmina no final paranoicamente aberto. A trilha sonora também colabora muito ao criar os tons estranhos da história e a edição Zac Stuart-Pontier merecia um Oscar pela precisão com que corta e costura as percepções da plateia pelos olhos da protagonista. Muita gente compara o culto do filme aquele fatídico de Charles Manson (que vitimou Sharon Tate, esposa de Roman Polanski em 1969) e comparam Martha à personagem de Catherine Deneuve em Repulsa ao Sexo (1965) do próprio Polanski. Essas sinistrices só colaboram para deixar o filme ainda mais estranho. Há quem considere que a abordagem psicológica do filme enfraquece um pouco a força da história, eu penso totalmente o oposto. A abordagem sutilmente perturbadora de MMMM é suficiente para deixar a plateia à beira do ataque de nervos por um bom tempo, especialmente pelo que os lobos em pele de cordeiro andam fazendo com uma juventude cada vez mais sem referencias. Depois de ver o filme, vale buscar na internet o curta-metragem Mary Last Seen feito pelo mesmo diretor em 2010 que conta uma espécie de prévia deste aqui.
Martha Marcy May Marlene (EUA-2011) de Sean Durkin com Elizabeth Olsen, Sarah Poulson, John Hawkes, Hugh Dancy e Brady Corbett.
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