Freeman (ao centro): provando que um Hobbit é menor que um anão.
Não precisa nem dizer que os boatos sobre esse filme começaram assim que a trilogia Senhor dos Anéis chegou ao fim. Havia tantas especulações e fofocas na mídia que o filme mudou de mão várias vezes. De início o mais cotado para dirigi-lo era Sam Raimi, depois Guillermo Del Toro (que acabou colaborando no roteiro), mas a pressão dos fãs foi tanta que o filme terminou assinado por Peter Jackson - que, convenhamos, desde que concluiu a saga de Frodo e seu bando andava devendo um filme interessante. Apesar de perceber o domínio que Jackson tem do universo criado por J.R.R. Tolkien, após assistir ao filme, eu só pensava no beneficio que outro diretor traria para a empreitada. Pode parecer implicância, mas O Hobbit não conseguiu me empolgar nem um terço do que os filmes anteriores conseguiram.Talvez eu tenha envelhecido mais do que imaginava, mas tudo me pareceu tão comum e trivial que poucos momentos se salvaram nessa jornada. De início o filme força um bocado para mostrar-se necessário ao Senhor dos Anéis, anuncia-se como uma espécie de epílogo dos filmes anteriores. Vemos Ian Holm e Elijah Wood repetindo seus personagens até que somos apresentados ao jovem Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) e o dia em que um bando de anões invadiram sua casa com a influência do mago Gandalf (Ian McKellen). Os anões vieram convencê-lo a ajudá-los a tomar de volta o reino que foi invadido e destruído por um dragão que farejava ouro à milhas de distância. Depois de uma longa introdução, cheia de desentendimentos que pretendem ser engraçados (mas que considerei apenas tediosos), Bilbo acaba aceitando o desafio de participar daquela aventura. A partir daí é impossível não lembrar da famosa trilogia de Tolkien, a diferença é que O Hobbit não possui personagens tão fortes a serem desenvolvidos,, sendo assim, resta apelar aos personagens conhecidos do público em participações especiais que nem sempre tem muito a dizer. Christopher Lee, Cate Blanchett e Hugo Weaving aparecem em poucos momentos sem ter muito o que fazer - e o único que consegue se destacar na repescagem promovida pela trama é o antológico Gollum em sua primeira aparição em busca de seu precioso anel. Até este momento já se passou mais da metade do filme e tirando uma cena de ação aqui e outra ali (a mais impressionante é a dos gigantes de pedra) pouca coisa aconteceu. Existe a ameaça de um necromante, uma epidemia mortal entre os bichos da Terra Média e orcs mal intencionados, mas nada consegue disfarçar o quanto o filme enrola para fazer um livro simples (de 310 páginas) ter material para uma nova trilogia (cada livro da trilogia do anel tem quase 500!). Justiça seja feita que a maquiagem, a direção de arte, os figurinos, fotografia e trilha sonora são de um cuidado louvável, mas o ponto fraco do filme é o roteiro propositalmente ralo para dar conta de mais dois filmes a serem lançados em breve. No final, onde os personagens contemplam no horizonte distante seu objetivo, a minha insatisfação chegou ao auge ao me dar conta que o mesmo deve se suceder nos próximos filmes desta saga anunciada. Apesar de retomar o primor estético de Tolkien no cinema, o filme não me convenceu que uma nova trilogia na Terra Média era necessária.
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada (The Hobbit - An Unexpected Journey/EUA-Nova Zelândia/2012) com Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Adam Brown, Hugo Weaving, Ian Holm e Elijah Wood. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário