Aaron, Taylor e Lively: sexo, drogas e bocejos.
Já estou cansado de todo o filme de Oliver Stone ser saudado como o filme em que o diretor voltará à sua velha forma. Todas as saudações costumam durar até a primeira exibição que exibe o filme como mais uma vez uma produção frustrante. Realmente não consigo entender. Faz pelo menos uma década que ele não consegue acertar uma! Alexandre (2004) foi um épico tão estranho que até hoje não encontrou seu público, As Torres Gêmeas (2006) era o tipo de filme que o diretor tiraria de letra, mas resultou no mais simples feijão com arroz hollywoodiano. W (2008) mostrou que o viés político do diretor se perdera no passado num filme sonolento e desinteressante. O documentário Ao Sul da Fronteira (2009) mostrava um diretor com uma visão simplista sobre a América do Sul. Stone não acertou nem quando inventou uma sequência para um dos seus maiores sucessos, Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme (2010) não alcançou um décimo da relevância do filme de 1987! Ano passado ele fez até algumas pessoas acreditarem que Selvagens era seu retorno à narrativa abrasiva de outrora, mas o resultado é completamente vazio. A história do triângulo amoroso formado por Chon (o pouco convincente Taylor Kitsch), O. (Blake Lively) e Ben (Aaron Johnson) poderia render mais uma trama de romance moderninho se os dois rapazes não estivessem envolvidos com o tráfico da maconha mais disputada do mundo. Além disso, misturar uma pobre menina rica, um soldado sobrevivente do Afeganistão e um rapaz idealista poderia render bons momentos se o roteiro soubesse para onde quer ir, mas ele demora mais tempo mostrando as entranhas de dois grupos traficantes rivais do que desenvolvendo seus personagens. Sendo assim, Chon e Ben acabam tendo em seu caminho um cartel mexicano do tráfico que quer se associar ao negócio bolado por eles. Cientes de que a situação ficará perigosa, eles preferem abandonar o ramo, mas as coisas se complicam quando O. é sequestrada e eles precisam se virar para pagar um resgate. Apesar da alardeada participação de John Travolta e Benício Del Toro, os dois estão péssimos em cena, parecendo disputar quem está mais canastrão. Travolta, como um agente secreto, não convenceria ninguém de que é honesto, já Del Toro é o exagero em pessoa. Salma Hayek apresenta a melhor atuação do filme fazendo o que pode com um personagem que já nasce de um clichê, enquanto Demián Bichir é desperdiçado num papel pouco expressivo. A maior responsabilidade fica por conta do trio de jovens atores que nem sempre convencem. Lively não consegue dar muita dimensão para O. se rendendo à "pura pose". Kitsch se sai pior ainda fazendo sempre a mesma cara. O melhorzinho é o Kick Ass Aaron Johnson que convence como o bonzinho que se meteu numa fria. Impressiona como um filme com tantas possibilidades e cenas mirabolantes consegue soar arrastado e tedioso! Do Oliver Stone dos bons tempos parecem ter sobrado apenas as brincadeiras com cenas picotadas, as partes em preto e branco e as filmadas em super 8. Tudo é tão oco que até o final se dá ao trabalho de tentar fingir ser mais do que realmente é. Arrecadando nas bilheterias o mesmo valor de seu preço de custo, Selvagens é uma das maiores decepções de 2012 e mostra que o produto similar ao de Chon e Ben cozinhou o cérebro de um dos cineastas mais interessantes do século XX.
Selvagens (Savages/EUA-2012) de Oliver Stone com Blake Lively, Aaron Johnson, Taylor Kitsch, Salma Hayek, John Travolta, Benicio Del Toro e Dámien Bichir. ☻
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