Jean e Angélique: sob a ameaça de uma cama de amar um ao outro.
É difícil uma comédia romântica me agradar, por conta disso achei que Românticos Anônimos merecia uma menção honrosa aqui no blog, já que o filme entra fácil no meu ranking de filmes favoritos do gênero. O filme me lembrou aquele clima açucaradamente picante de Amélie Poulain (2000), só que sem tantas invencionices visuais - apesar da fotografia sem bem semelhante. A história é bem simples, mas tem alguns detalhes que deixa tudo mais divertido em sua despretensão (o que não é pouco se levarmos em consideração que trata-se de um filme meio belga e meio francês). Centrado em um casal de tímidos o filme consegue tirar o máximo de proveito das situações que sua dupla se mete. Ela é Angélique (Isabellé Carré) , uma chocolateira que tem verdadeira fobia de se expor em qualquer ramo da vida. Seus problemas românticos ela lida com a terapia de grupo que dá nome ao filme, já no campo profissional ela finge ser um eremita desde que um empresário do ramo chocolateiro descobriu seus dons. O trabalho de Angélique ficou conhecido mundialmente, mas quando o seu empresário morre, ela prefere ficar desempregada a dizer que era ela que produzia o famoso chocolate Mercier. Ela acaba indo parar na pequena fábrica de Jean René (Benoît Poelvoorde), um homem carrancudo que utiliza uma fachada mal humorada para disfarçar suas inseguranças - desabafadas somente com o analista. Angélique acaba sendo contratada por ele não para fazer chocolates, mas para ser representante de vendas de seu produto - cujo as vendas anda de mal a pior. Basta a primeira cena em que os dois se encontram para perceber que existe uma faísca platônica entre os dois. O romance evolui meio sem jeito com os pudores de ambos, mas o fato do analista de Jean sempre lhe passar tarefas para vencer seus bloqueios com as mulheres (um convite para sair, um toque e um beijo) ajuda bastante o travadão. Se ele tem seus esforços, os dela também surgem quando ela coloca a farsa do eremita em risco para salvar a empresa de seu pretendente. Existe uma inocência quase antiquada no no filme, mas o diretor Jean Pierre Améris consegue manter o filme num equilíbrio perigoso a maior parte do tempo (aquela musiquinha chata que Angélique sempre cita poderia ter sido cortada). Obviamente que ele deve muito a sua dupla central, que consegue construir dois personagens bastante carismáticos. É difícil não gostar de Angélique desde a primeira cena, assim como é impossível não simpatizar com Jean René. O final todo mundo sabe qual será, mas até chegar lá, o filme rende bons momentos como a hesitação do casal em enfrentar a primeira noite no mesmo quarto - com uma ameaçadora cama de casal!
Românticos Anônimos (Les Emotifs Anonymes/França-Bélgica/2010) de Jean Pierre Améris com Benoît Poelvoorde, Isabellé Carré, Pierre Niney e Jacques Boudet. ☻☻☻
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