Jake e seus amigos: olhando para fora da caixa.
Jake Gyllenhaall começou a carreira como ator no cinema aos onze anos, mas só tornou-se conhecido do público dez anos depois quando protagonizou o cult sinistro Donnie Darko (2001) de Richard Kelly. Antes de viver o rapaz problemático assombrado por um coelho gigante que anuncia o fim do mundo, Jake protagonizou o simpático O Céu de Outubro de Joe Johnston que pertence a um subgênero do cinema que raramente funciona: o filme motivacional. Os americanos adoram a história de perseguir-um-sonho-até-que-ele-se-realize (como se realizá-los dependesse somente disso). Poucos são os longas que conseguem driblar as armadilhas dessa proposta, por isso, o jeito nostálgico de Johnston dirigir (foi ele que concebeu a primeira aventura do Capitão América/2011 para a telona) cai como uma luva na história dos quatro amigos que resolvem construir um foguete quando a Guerra Fria dava seus primeiros passos. Era a década de 1950 e o fato dos russos lançarem o seu satélite artificial Sputnik causava medo e admiração entre os habitantes do planeta Terra. Afinal, da noite para o dia, havia um objeto voando na órbita da Terra e havia suspeitas de que servia para fins de espionagem e até um ataque espacial (!), parte do horror e admiração que emerge da situação é mostrada magistralmente no filme quando as pessoas olham para o céu e buscam ver uma luz vermelha brilhando. Imagine esse efeito numa cidade pequena onde a fonte de renda é a produção de carvão e que o destino da maioria dos rapazes é trabalhar nas minas como seus pais. É no ambiente gelado da pequena Coalwood que Homer Hickam (Jake Gyllenhaall) se interessa pela construção amadora de foguetes e convida amigos que são capazes de ajudá-lo a cumprir seus objetivos. Os moradores percebem a ambição do quarteto de mocinhos como uma verdadeira loucura, um devaneio inútil que serve mais para ser ridicularizado do que propriamente incentivado. Até a escola, às voltas com suas aulas e feiras de ciências, percebe aquele interesse como algo problemático, com exceção apenas da professora Riley (Laura Dern, sempre ótima) que motiva Homer a pensar diferente de todo universo que está ao seu redor. Na sua trajetória, o quarteto de amigos encontram dificuldades, mas também pessoas que colaboram para que seus lançamentos de foguetes sejam bem sucedidos. São inúmeros projetos, vários reajustes, muitos acidentes e as coisas pioram quando os experimentos do grupo tornam-se suspeitos de causarem um estrago ambiental. Some isso ao fato de Homer ter que, subitamente, sustentar a família e veremos que tentar realizar seus sonhos não é uma coisa muito fácil de conseguir. Johnston faz um filme gostoso de assistir. Amparado pela autobiografia de Hickam, conta com apoio de um elenco que consegue valorizar ainda mais a história (destaque para Chris Cooper como o pai grosseirão, tipo que sabe interpretar tão bem). Dosando corretamente humor com os dramas dos rapazes que se rebelam contra o destino que a cidade os reserva, o filme funciona - e ainda deixa aquele gostinho otimista ao contar o que houve com cada personagem depois daqueles experimentos fogueteiros amadores. Vale conferir o filme nem que seja para comparar o ímpeto de um adolescente Jake Gyllenhaall com suas atuações mais recentes.
O Céu de Outubro (October Sky/EUA-1999) de Joe Johnston com Jake Gyllenhaal, Laura Dern, Chris Cooper, Chris Owen, William Lee Scott, Chad Lindberg e Scott Miles. ☻☻☻
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