quarta-feira, 8 de maio de 2013

DVD: Among Us

Ewa: beirando um ataque de nervos. 

Acredito que os filmes que consideramos bons são aqueles que provocam em nós alguma experiência diferente. Seja para emocionar, divertir ou assustar, são os filmes que aguçam nossas sensações que costumamos lembrar por mais tempo. Porém, existem filmes que parecem se contentar em ser mais uma experiência para o espectador do que qualquer outra coisa. Among Us é um filme holandês que não passou nos cinemas daqui - e quando assistimos ao longa de Marco Van Geffen logo podemos entender o motivo. O filme não tem pudores em ser estranho, embora o diretor invista numa trama quase trivial sobre o cotidiano de pessoas comuns ao ponto de quase provocar desinteresse. No entanto, ao fim da sessão quando as peças se encaixam, aquele cotidiano até arrastado cede lugar ao horror da violência que deixa as pessoas comuns cada vez mais arredias e reclusas. O filme é separado em três blocos, todos abordam o mesmo período na vida dos personagens, mas cada bloco é dedicado ao olhar de um determinado personagem sobre Ewa (Dagmara Bak). De origem polonesa, Ewa é contratada por um casal para ser babá. Apesar de quieta e introspectiva o casal percebe a dedicação de Ewa com o trabalho até que uma série de comportamentos estranhos começam a deixá-los preocupados com o fato de manterem aquela moça em sua casa. Na primeira parte achamos realmente que Ewa está beirando o surto. Será pelo fato de estar longe dos pais? Viver num país onde mal domina o idioma? Será um exagero dos seus patrões perante uma estranha? Quando na segunda parte vemos sua relação com a amiga espevitada Aga (Natalia Ribicka), começamos a ter algumas pistas do que pode ter acontecido com Ewa para que seu comportamento ficasse cada vez mais estranho. Os boatos de que existe um estuprador no bairro deixa a Ewa preocupada e, somente na terceira parte, percebemos que tudo é fruto de sua angústia silenciosa de saber quem é o homem que ameaça a paz do bairro. O filme é até interessante, mas exige grande paciência para que o espectador queira entender o que está acontecendo, já que o roteiro tem mais um enfileiramento de pistas do que propriamente uma história. O mais estranho é ao final tive a impressão que aquela garota meiga descobre quem é o meliante, mas não é capaz de tomar qualquer providência para evitar que novas vítimas sejam encontradas. Seu desespero no final do filme não consegue evitar que eu perceba que Among Us é um filme sobre a inércia e o silenciamento das pessoas comuns perante os criminosos. Ewa seria cúmplice ou uma vítima em potencial? É está pergunta que fica quando a moça consegue sua salvação individual após pouco mais de oitenta minutos de arrastada angústia.

Among Us (Onder Ons/Holanda-2011) de Marco Van Geffen com Dagmara Bak, Natalia Ribicka, Rifka Lodeisen e Guy Clemens. 

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