Sparky e Victor: irresistível paródia.
Foi no ano de 1985 que Tim Burton nasceu para Hollywood. Naquele ano que seu sexto curta metragem concorreu ao Oscar de melhor curta-metragem de animação. Burton fazia curtas desde 1971 e somente mais de uma década depois seu estilo irresistivelmente gótico chamou a atenção da Academia. O impressionante é que precisou passar 27 anos para que o diretor retomasse a obra que voltou os holofotes para sua carreira - decisão tomada justamente no momento em que seus últimos dois filmes foram decepcionantes. Seu Alice no País das Maravilhas (2010), feito por encomenda para a Disney, seria um desastre se não contasse com a inspirada atuação da patroa Helena Bonhan Carter como a Rainha Vermelha. Posteriormente Sombras da Noite (2012) obteve um resultado tão desengonçado que não deve ficar na memória nem de seus fãs mais fervorosos. Parecia que Burton havia depositado toda a sua ousadia em Sweeney Todd (2007), filme vigoroso e surpreendente sobre um barbeiro que assassina desafetos em ritmo de musical. Parece que a animação Frankenweenie fez as pazes do diretor com seu público, com a crítica e com a Academia que o indicou como uma das melhores animações de 2012. A história parte da mesma premissa do curta de 1984, mas ganha novos personagens e camadas, mas a graça continua sendo a identificação do público com o menino que ressuscita seu cão de estimação. Victor Frankenstein (voz de Charlie Tahan) é um menino que tem como amigo somente o seu cachorrinho, Sparky. Seu isolamento até preocupa seus pais (com vozes de Martin Short e Catherine O'Hara), mas eles tem consciência de que Victor é um bom garoto. O menino ainda tem um interesse especial pela ciência, ao ponto da proximidade da Feira de Ciências da escola fazer sua mente fervilhar de ideias. Quando um acidente vitima seu cãozinho, o jovem Frankenstein cria uma forma de trazê-lo novamente à vida com o uso de relâmpagos e eletrodomésticos. Sparky volta com a mesma fidelidade canina de antes para o seu dono, o problema é esconder o cãozinho que todo mundo sabe que morreu. Ainda que o filme se desenvolva nos coleguinhas de Victor plageando sua ideia para a feira de ciências, fica claro que a alma do filme está na amizade que Victor possui com seu cãozinho - detalhe que foi fundamental para o sucesso de sua arriscada experiência. O filme ainda é mais uma homenagem de Tim Burton aos filmes B e Z (basta lembrar do elogiado Ed Wood/1994 e do capenga Marte Ataca/1996), com tartarugas gigantes, monstrinhos que parecem Greemlins e peixes fantasmas que podem mudar a vida dos habitantes da cidadezinha de New Holland. Além dessas referências, ainda existem os colegas de classe de Victor que parecem saídas de filmes de clássicos do terror (como a menina de olhos enormes e seu gato que tem premonições na caixa de areia ou o amigo "quasímodo"), inclusive Winona Rider dando voz à versão infantil de sua personagem em Os Fantasmas se Divertem (1988) de Burton. Do iníco ao fim, Frankenweenie consegue divertir com seu terrir singelo e merecia mais o Oscar do que o xaroposo Valente da Pixar.
Frankenweenie (EUA/2012) de Tim Burton com vozes de Charlie Tahan, Catherine O'Hara, Winona Rider, Martin Short e Martin Landau. ☻☻☻☻
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