Chris e Marin: a intimidade de um casal de amantes.
Não são poucos os filmes sobre casais de amantes que se encontram entre quatro paredes para viver romances tórridos. 28 Hotel Rooms é uma versão século XXI do clássico Tudo Bem No Ano que Vem (1978), a diferença é que tiraram o bom humor dos encontros e sobrou o estresse de um casal infeliz com seus compromissos amorosos que buscam redenção sempre que se encontram em quartos de hotel. O ator Matt Ross (que já participou de seriados de sucesso como A Sete Palmos, Numb3rs e Big Love) não gasta seu tempo dando nome aos personagens, aos lugares ou a passagem do tempo em seu filme de estreia. Sabemos apenas que o casal é formado por um escritor (Chris Messina) e uma contadora (Marin Ireland) e que aproveitam as viagens profissionais para se encontrarem. Ele parece atencioso e ela sempre distante. Ela é casada. Ele é noivo - e os encontros se sucedem sem culpa no início, até que os questionamentos inevitáveis começam a aparecer. Tenho que elogiar a forma original que Ross escolheu para contar os encontros do casal, nada de contar os meses, as estações do ano ou usar verbetes para expressar uma fase na vida dos amantes, ele prefere algo mais simples: o número dos quartos em que se encontram. O difícil é criar sempre um clímax a cada encontro, crises de ciúme, culpa, o nascimento do filho, as diferenças ideológicas, o desejo de ser pai enquanto a esposa não quer... nem sempre funciona em termos de desenvolvimento das temáticas (a maioria deixada para trás nos encontros posteriores, porém o resultado é mais caprichado do que o recente Um Dia/2011). Obviamente que existem cenas de sexo no filme, mas nada que possa chocar quem já se acostumou com as novelas de canal aberto. O que pode chocar os mais puritanos são as cenas em que Chris Messina não tem vergonha de aparecer como veio ao mundo. Por mais que a nudez seja apresentada de forma natural, muitos adultos (homens e mulheres) ainda se chocam quando descobrem que um ator tem pênis! Os momentos mais tórridos não garantiram o sucesso do filme que teve bilheteria minguada nos Estados Unidos - além de problemas de distribuição mundo afora. Ainda assim, o filme vale ser visto pela maneira como o diretor e os atores constroem a narrativa em encontros que parecem idílicos até que começam a se tornar sufocantes e até tediosos, como acontece na maioria dos relacionamentos. Lá pela metade o que era uma fuga dos compromissos torna-se um relacionamento sério, com seus códigos próprios para manter-se prazeroso. Sempre acho que um casal de atores que se expõe num filme feito esse merece algum respeito, mas Ireland e Messina merecem mais do que isso. Em alguns momentos me senti como um voyeur espionando a intimidade de um casal de verdade (ao ponto de ver as entranhas desagradáveis de um relacionamento). Acho que essa é a maior ambição de 28 Hotel Rooms. O resultado pode não ser genial, mas deixa a sensação de um laço amoroso duplo que é difícil de desfazer.
28 Hotel Rooms (EUA-2012) de Matt Ross com Chris Messina e Marin Ireland. ☻☻☻
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