Os adúlteros: de amigos a suspeitos de assassinato.
Enquanto eu assistia esse filme holandês tive a impressão de que ele estava pronto para receber uma versão hollywoodiana. Está tudo ali: o suspense, as reviravoltas, a possibilidade de colocar atores masculinos conhecidos em personagens com alguma complexidade e - obviamente - um roteiro que já está prontinho. O engraçado é que antes de escrever essa postagem eu descobri que o filme já tem uma refilmagem que deve ser lançada no mês que vem nos EUA - com um elenco formado por James Marsden, Karl Urban, Wentworth Miller e Matthias Schoenaerts (que curiosamente participou do original belga em 2008).O filme começa com um assassinato e a partir daí somos apresentados a uma rede de versões, suspeitas e traições. O roteiro explora um grupo de cinco amigos que compartilham um loft para encontros extraconjugais. A ideia parte do arquiteto Matthias (Barry Atsma) que oferece uma chave a cada um dos seus amigos casados, entre eles está o discreto (Fedja Van Huêt) que é oposto do irmão esquentadinho (Chico Kenzari), o tímido Robert (Gijs Naber) e o bobalhão Willem (Jeroen Van Koningsburg). Quando o corpo de uma mulher é encontrado algemado à cama com o pulso cortado e uma frase em latim todos são considerados suspeitos. Enquanto os amigos quebram a cabeça entre si para descobrir quem pode ser o assassino, somos apresentados à investigação policial onde cada um deles conta a sua versão - especialmente Matthias que diz ser tudo uma armação. Antoinette Beumer consegue manter a tensão mesmo quando a coisa parece prestes a desandar com todas as possibilidades que o roteiro possui. Seria mesmo um dos amigos? Será que alguma esposa traída quis se vingar do marido? Quem é a garota encontrada morta? Ela era amante de quem? Ou de quantos frequentadores do loft? Ou seria realmente uma armação de influentes figuras locais que conhecem a patota de Matthias? Não é pouca coisa para embaralhar a cabeça do espectador, mas o resultado consegue ser eficiente graças à clareza com que o diretor revela aos poucos os segredos de suas camadas narrativas (além a investigação policial, das indagações dos amigos no loft, o filme ainda mescla cenas do passado que contem pistas para entender como aquele crime aconteceu). Mesmo lançado em 2010, achei o filme a cara daqueles suspenses multifacetados da década de 1990 (e que um dos exemplos parece ser a inspiração dessa produção: Os Suspeitos/1995 de Bryan Singer). A edição e a fotografia remetem diretamente à essa época, assim como o ritmo de sua narrativa. Apesar do filme ter uma reviravolta maluca em sua última meia hora de duração, ele consegue ser uma boa diversão para quem curte o gênero. Resta saber se a versão americana (a terceira gerada em torno do roteiro de Bart de Pauw) terá fôlego perante o público.
Loft (Holanda/2010) de Antoinette Beumer com Barry Atsma, Fedja Van Huêt, Chico Kenzari, Gijs Naber e Anna Drijver. ☻☻☻
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