Lewis, Dillon e colegas: elenco de respeito.
O cineasta M. Night Shyamalan já tem sua cota de fiascos para lamentar. Depois do sucesso estrondoso de O Sexto Sentido (1999) ele conseguiu manter o interesse do público e da crítica por mais três filmes (Corpo Fechado/2000, Sinais/2002 e A Vila/2004 ), depois foi tudo ladeira abaixo, culminando com o merecido fracasso de Depois da Terra/2013 - que deu uma rasteira até no astro Will Smith. Em 2010, sua assinatura na produção do engenhoso Demônio (2010), onde também assinava o roteiro, demonstrou um caminho provável para a sua carreira. A série Wayward Pines completa sua terceira semana de exibição no Brasil pela Fox e ainda mantem o clima instigante do episódio piloto dirigido por Shyamalan - que assina a produção executiva da série. Apesar do texto parecer a reciclagem de várias outras produções, a série escrita por Chade Hodge (antes roteirista de séries que nem chegaram à segunda temporada, como The Playboy Club - cancelada no sétimo episódio em 2011) e o estreante Blake Crouch, sabe produzir seus próprios segredos ao longo dos episódios, revelando-os em doses homeopáticas ao longo da trama. O cenário é uma cidade pacata numa região montanhosa de Idaho, a cidade aparentemente tranquila serviu de cenário para o desaparecimento de dois agentes do serviço secreto americano. Em busca dos desaparecidos, o agente Ethan Burke (Matt Dillon) chega à cidade por conta de um acidente que vitima mortalmente seu parceiro de investigação. Burke tem motivos pessoais para continuar a busca, afinal, a desaparecida agente Kate Hewson (Carla Gugino) era sua amante. Em seu primeiro dia na cidade, Burke percebe que a (aparentemente) tranquila Wayward Pines tem lá sua cota de esquisitices, a começar pela misteriosa enfermeira Pam (Melissa Leo) e o doutor Jenkins (Toby Jones), que insistem em mantê-lo no hospital sem que tenha contato com a família (Burke é casado e tem um filho adolescente que não faz a mínima ideia de onde ele esteja). Após contar com a ajuda da garçonete Beverly (Juliette Lewis) ele descobre que a situação na cidade é mais estranha do que imaginava, afinal, os habitantes são proibidos de falar sobre o passado, há indícios de que a passagem do tempo acontece diferente naquela localidade (principalmente depois que reencontra Kate em outro estilo de vida) e, para piorar, a paz do local é mantida pelo xerife Pope (Terrence Howard) com medidas de tolerância zero ao comportamento dissonante de quem vive na cidade. Há referências que vão de A Vila (2004), Dogville (2003) e um forte tempero da revolucionária Twin Peaks (1990-1991) idealizada por David Lynch - incluindo a fotografia, o fato de girar em torno de um agente secreto numa cidade cheia de mistérios, o reflexo do letreiro Pines remete diretamente a TP, inclusive a abertura com paisagens bucólicas e a placa que sinaliza a chegada à cidade. Se conseguir manter o suspense até o final de seus dez episódios, Wayward Pines promete ter vida longa para várias temporadas. Além disso, pode ajudar a Shyamalan a colocar a carreira de volta nos eixos, afinal de contas, prestígio ele ainda tem - porque não lembro de ter visto um elenco com tantos indicados ao Oscar (Dillon, Lewis, e Howard) somados a uma ganhadora da estatueta (Melissa Leo) e talentos reconhecidos (Toby Jones, Hope Davis, Carla Gugino, Siobhan Fallon e o promissor Charlie Tahan) num mesmo programa de TV. Wayward Pines coloca o gosto por mistério de Shyamalan nos eixos e ainda prova que ele é capaz de reunir um elenco invejável para garantir respeito à uma produção.
Conheço essa placa de algum lugar...
Wayward Pines (EUA/2015) com Matt Dillon, Carla Gugino, Juliette Lewis, Toby Jones, Melissa Leo e Charlie Tahan. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário