segunda-feira, 10 de agosto de 2015

PL►Y: A Fita Azul

Rory e Julia: grávida pela música. 

A Fita Azul parte de uma fantasia e deve ser visto como tal, senão, corre o risco de provocar a irritação de alguns religiosos. Não que seja ofensivo, pelo contrário, consegue ser bastante ingênuo na forma como abraça a ideia de sua protagonista adolescente vivida com rara luminosidade pela novata Julia Garner (que antes teve apenas uma participação pequena no arrepiante Martha Marcy May Marlene/2011). Julia vive a adolescente Rachel, uma jovem ingênua de quinze anos que vive isolada numa comunidade de mórmons fundamentalistas junto à família. Numa noite ela resolve ouvir uma fita cassete (a tal fita azul do título) que toca um rock meloso que gruda na cabeça da garota feito um chiclete. Rachel é surpreendida pelo irmão, Mr. Will (Liam Aiken o já crescido garotinho de Desventuras em Série/2004) que na tentativa de evitar que Rachel continue ouvindo aquela música mundana, acaba sendo mal interpretado pela mãe (Cynthia Watros). Após aquela noite, Rachel começa a sentir-se diferente e descobre-se grávida. Diante da situação, o pai de Rachel, também mentor espiritual da comunidade (Billy Zane), suspeita que Mr. Will seja responsável por aquela situação e trata de arranjar um casamento para a mocinha. No entanto, Will e Rachel afirmam que não aconteceu nada entre os dois, mas enquanto Will pensa que alguém engravidou a irmã, Rachel acredita que houve uma concepção imaculada a partir da música que ouviu naquela noite - e que , provavelmente, o pai é a pessoa que canta a tal música. Contando tudo parece ridículo, mas é incrível como o filme da estreante Rebecca Thomas (que é responsável pela adaptação de Quem é Você Alaska de John Green para as telonas no ano que vem) funciona excepcionalmente bem nessa primeira parte. Não apenas pela sensação de que algo tão especial quanto estranho aconteceu naquela noite, como também, por inibir o descrédito da plateia perante as declarações de sua protagonista que mostra-se acima de qualquer suspeita (e isso é mérito da atuação de Julia Garner, que capricha também na narrativa em off do filme). O ruim é que a história perde muito de sua graça quando Rachel parte em busca de quem canta a tal música e, ao lado de Mr. Will, descobre a cidade grande e seus "perigos". Conhece membros de uma banda de rock (com destaque para o personagem do sempre apático Rory Culkin - o pior ator da família) e se metendo em problemas um tanto manjados quando se trata do contraste de quem vive no campo e a vida na cidade. Porém, não deixa de ser interessante que Rachel busque o pai de seu filho e acabe descobrindo suas próprias origens. Embora a obra cumpra menos do que prometa, deixa a sensação de ser um filme adolescente diferente. Sua premissa, que beira o surreal (engravidar de uma música), gera um resultado que espanta todo o cinismo e polêmicas que poderiam render uma versão para o século XXI do provocador "Je vous salue, Marie" de Jean Luc Godard. No entanto, talvez seja pelo medo de chocar as plateias que o filme perde o pique conforme o final se aproxima e descamba para um desfecho que pode ser até revelador para alguns, mas para quem embarcou na fantasia resulta convencional demais para um filme que busca ser original. 

A Fita Azul (Electrick Children/EUA-2012) de Rebecca Thomas com Julia Garner, Rory Culkin, Liam Aiken, Cynthia Watros, Billy Zane e John Patrick Amedori ☻☻

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