Uma banda de Heavy Metal famosa
por ser a mais barulhenta da Inglaterra está prestes a lançar seu novo álbum
("Smell the Glove", ou "Cheire a Luva" em portugês)
quando passa a ser acompanhada por um documentarista durante a turnê pelos
Estados Unidos. A banda Spinal Tap tem histórias de longa data
e passam a ser criticados pelas letras cretinas e, principalmente, pela capa
sexista de seu novo álbum. Dando entrevistas tudo parece um tanto desconectado
dentro de uma solenidade impagável - e alguns desavisados podem achar um
documentário que presta um desserviço para a banda, mas quando você
descobre que tudo não passa de uma grande brincadeira do diretor Rob Reiner o
riso se torna frouxo com vontade. Considerado por muitos uma das melhores
comédias de todos os tempos, além de ser revolucionário pela forma como retrata
a trajetória de uma banda de rock, Isto é Spinal Tap gerou
polêmica entre os fãs de rock que não entraram na brincadeira e perceberam
todas as alfinetadas que existiam na tela sobre os seus ídolos. Se os diálogos
imprevisíveis garantem a graça por boa parte da sessão, as performances no
palco tornam tudo ainda mais hilário, não apenas pelas rimas e trocadilhos
canhestros usados pela banda, mas também pelas presepadas que geralmente não
funcionam como deveriam (a cena dos casulos e a dos anões no palco são de rolar
de rir) e conferem instabilidade à banda, seja pelo ego cheio que atrapalha a
amizade entre o vocalista David Hubbins (Michael McKean) e Nigel Tufnel
(Christopher Guest) ou a relação delicada entre a esposa de Hubbins com o
empresário da banda, que... digamos, colabora nas trabalhadas do grupo. Rob
Reiner brinca com o formato documental aparecendo no filme como o próprio
documentarista, atirando para todos os lados nas referências roqueiras
(passando pela exigência dos quartos de hotel e seus lanches exóticos) deixando
tudo num aspecto que só ressalta como os membros do Spinal Tap parecem
viver numa realidade paralela, um tanto alheios ao que acontece no mundo e às
pessoas que pensam sobre deles. Visto hoje, o filme pode parecer um tanto bobo,
mas possui algumas tiradas realmente geniais (como a maldição dos seus
bateristas ou a capa do álbum que parece até uma referência ao do Metallica que
só foi lançado sete anos depois). Mais do que ter fãs fiéis, o filme gerou um
discípulo que até hoje realiza saborosos documentários fakes,
Christopher Guest (o esposo de Jamie Lee Curstis) dedica-se ao gênero com muito
bom humor ao lado de uma patota inspirada que inclui seu colega de elenco Harry
Shearer, que interpreta o bigodudo baixista do Spinal Tap. Se você curtir a
linguagem amalucada do filme, vale a pena procurar a obra de Guest para
assistir.
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