sábado, 8 de agosto de 2015

KLÁSSIQO: Isto é Spinal Tap


Uma banda de Heavy Metal famosa por ser a mais barulhenta da Inglaterra está prestes a lançar seu novo álbum ("Smell the Glove", ou "Cheire a Luva" em portugês) quando passa a ser acompanhada por um documentarista durante a turnê pelos Estados Unidos. A banda Spinal Tap tem histórias de longa data e passam a ser criticados pelas letras cretinas e, principalmente, pela capa sexista de seu novo álbum. Dando entrevistas tudo parece um tanto desconectado dentro de uma solenidade impagável - e alguns desavisados podem achar um documentário que presta um desserviço para  a banda, mas quando você descobre que tudo não passa de uma grande brincadeira do diretor Rob Reiner o riso se torna frouxo com vontade. Considerado por muitos uma das melhores comédias de todos os tempos, além de ser revolucionário pela forma como retrata a trajetória de uma banda de rock, Isto é Spinal Tap gerou polêmica entre os fãs de rock que não entraram na brincadeira e perceberam todas as alfinetadas que existiam na tela sobre os seus ídolos. Se os diálogos imprevisíveis garantem a graça por boa parte da sessão, as performances no palco tornam tudo ainda mais hilário, não apenas pelas rimas e trocadilhos canhestros usados pela banda, mas também pelas presepadas que geralmente não funcionam como deveriam (a cena dos casulos e a dos anões no palco são de rolar de rir) e conferem instabilidade à banda, seja pelo ego cheio que atrapalha a amizade entre o vocalista David Hubbins (Michael McKean) e Nigel Tufnel (Christopher Guest) ou a relação delicada entre a esposa de Hubbins com o empresário da banda, que... digamos, colabora nas trabalhadas do grupo. Rob Reiner brinca com o formato documental aparecendo no filme como o próprio documentarista, atirando para todos os lados nas referências roqueiras (passando pela exigência dos quartos de hotel e seus lanches exóticos) deixando tudo num aspecto que só ressalta como os membros do Spinal Tap parecem viver numa realidade paralela, um tanto alheios ao que acontece no mundo e às pessoas que pensam sobre deles. Visto hoje, o filme pode parecer um tanto bobo, mas possui algumas tiradas realmente geniais (como a maldição dos seus bateristas ou a capa do álbum que parece até uma referência ao do Metallica que só foi lançado sete anos depois). Mais do que ter fãs fiéis, o filme gerou um discípulo que até hoje realiza saborosos documentários fakes, Christopher Guest (o esposo de Jamie Lee Curstis) dedica-se ao gênero com muito bom humor ao lado de uma patota inspirada que inclui seu colega de elenco Harry Shearer, que interpreta o bigodudo baixista do Spinal Tap. Se você curtir a linguagem amalucada do filme, vale a pena procurar a obra de Guest para assistir. 

Isto é Spinal Tap (This Is Spinal Tap/EUA-1984) de Rob Reiner com Christopher Guest, Michael McKean, Rob Reiner, Harry Shearer e Tony Hendra. ☻☻☻☻

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