Armitage, Freeman e McKellen: fiapo espetacular.
Finalmente chega ao fim a estendida saga de O Hobbit no cinema e, como a maioria das pessoas imaginava, conclui-se que foi realmente um grande exagero transformar um livro de 310 páginas em três filmes com mais de duas horas de duração (e tenho minhas dúvidas se os lucros compensaram essa ideia). Em O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos, todos os problemas que vimos nos filmes anteriores se repetem (batalhas estendidas demais, um protagonista que se dilui na trama, diálogos esquecíveis...), de forma que evidencia-se ainda mais que, enquanto Senhor dos Anéis foi concebido na literatura para formar uma trilogia coerente, O Hobbit não tinha material para tanto. É verdade que a produção repete o capricho visual do universo concebido visualmente por Peter Jackson, mas a história termina sem deixar nada de realmente memorável na cabeça do espectador. No episódio anterior (A Desolação de Smaug/2013), Jackson parecia ter encontrado o caminho para transformar A Batalha dos Cinco Exércitos no melhor de sua nova trilogia, mas não é isso que acontece. A batalha com o dragão Smaug resolve-se logo nos primeiros minutos, mas consegue sustentar a aura de herói de Bard (Luke Evans) por algum tempo nas história, mas depois... o personagem dilui-se como todos os outros na imensidão de personagens que precisam lidar com algumas passagens confusas no roteiro (até agora eu não entendi aquele piti de Cate Blanchett). No fim das contas o filme trata da cobiça de Torin (Richard Armitage), o rei dos anões, que mesmo diante da destruição que sua jornada causa, nega-se a dividir seu tesouro com seus antigos aliados. Nesse terceiro episódio o que vemos é quase a devastação completa do que conhecemos durante a trilogia. Elfos, anões, homens, orcs... todos disputam entre si as relíquias e tesouros descobertos por Torin. Mais uma vez, diante das batalhas intermináveis, o que me chamou mais atenção foi a dramaticidade dos elfos. Enquanto o roteiro não decide se o afetado Thranduil (Lee Pace com suas sobrancelhas impressionantes) é vilão na trama, Legolas (Orlando Bloom) e Tauriel (Evangeline Lilly) ganham contornos mais heroicos na trama, rendendo alguns dos melhores dilemas da história (tanto que o roteiro deixa até em aberto a possibilidade de uma história protagonizada por Legolas). No fim das contas senti certo pesar por Ian McKellen (o mago Gandalf) e Martin Freeman (o hobbit Bilbo Bolseiro), ambos com poucas chances de fazer tudo o que sabem diante da câmera, já que seus personagens passam a maior parte do tempo um tanto à deriva na trama embora merecessem o destaque anunciado em Uma Jornada Inesperada (2012), o fraco episódio inicial da trilogia. Nem precisa de um olhar muito atento para perceber que para essa conclusão sobrou um fiapo de história, ainda que Jackson faça disso um grande espetáculo visual. Espetáculo parece a palavra de ordem de Jackson desde que fundiu sua carreira a de Tolkien. Desde que cruzou as fronteiras da Terra Média, seus filmes se tornaram tão grandiloquentes que quando tenta ser intimista (como no fracassado Um Olhar do Paraíso/2008) ele erra a mão. Resta pensar quais os rumos que o diretor neozelandês seguirá agora.
O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit - The Battle of the Five Armies/ Nova Zelândia - EUA/2014) de Peter Jackson com Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Luke Evans, Lee Pace, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Aidan Turner e Cate Blanchett. ☻☻
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