#01 Donald Sutherland
Todo ano o Oscar gera alguma controvérsia por ter esquecido uma atuação memorável no ano que passou. No entanto, ao longo do tempo, muitos artistas talentosos ficaram a ver navios, sem ter o seu talento reconhecido pela Academia durante a carreira. Homenageado com um Oscar honorário na festa do dia 04 de março, o veterano Donald Sutherland foi um destes casos mais marcantes. Atuando desde a década de 1960, seus trabalhos eram até indicados a outros prêmios (ele tem dois Globos de Ouro na estante e outras cinco indicações). Com quase duzentos trabalhos no currículo, o Oscar sempre o deixou de fora. Prestes a completar 83 anos, seus colegas finalmente lembraram que o fato dele nunca ter um Oscar é um erro - e não ter uma única indicação em toda a carreira é um erro maior ainda. Ele poderia ter várias indicações, especialmente por seus trabalhos em M.A.S.H (1970 - pelo qual ganhou seu primeiro Globo de Ouro), no suspense Klute - O Passado Condena (1971 - em que viu a colega Jane Fonda ganhar quase todos os prêmios da temporada) e Gente como a Gente* (1980 - em que três colegas foram indicados ao Oscar, Timothy Hutton até ganhou um... e ele: nada). Esta lista serve para lembrar outros nove atores que colecionam não indicações ao maior prêmio do cinema americano (*meus favoritos).
#02 Armie Hammer
Nascido em 1986, Armand Douglas Hammer ainda terá muitos anos de carreira pela frente, mas sua trajetória é uma das mais curiosas. Ele não consegue ser indicado ao Oscar nem quando é um dos favoritos! Tanto que é conhecido como um dos atores mais pé-frios da nova geração. Embora chame atenção da crítica e dos produtores o rapaz não consegue emplacar um sucesso de bilheteria. Às vezes, até quando parece que a coisa vai bem... algo sai errado (como foi a polêmica envolvendo O Nascimento de Uma Nação/2016 que foi limado do Oscar por conta da acusação de estupro ao diretor da produção). Armie ficou conhecido quando fez os gêmeos Winklevoss em A Rede Social (2010) pelo qual foi indicado ao SAG junto com o elenco. Impressionado com o moço, Clint Eastwood o escolheu para ser o protegido de Leonardo DiCaprio em J. Edgar* (2011) e o SAG lembrou dele novamente. Com Me Chame pelo Seu Nome (2017) sua indicação era tida como certa no próximo Oscar. Várias premiações lembraram dele, incluindo o Globo de Ouro e quando saíram as indicações... melhor sorte da próxima vez, rapaz!
#03 Chadwick Boseman
Em cartaz no Brasil com o sucesso Pantera Negra, Chadwick já tinha ficado conhecido de muita gente com trabalhos fortes sobres personagens reais. Por conta dos trabalhos marcantes ele entra como pré-candidato a premiações, mas sempre fica de fora na contagem final. Sorte que ele caiu no radar da Marvel e tende a ficar cada vez mais conhecido para conquistar fãs entre os votantes da Academia. Boseman já tinha vários trabalhos na TV quando foi escolhido por Brian Helegeland para viver o jogador de beisebol Jackie Robinson que venceu vários preconceitos retratados no drama biográfico 42: A História de uma Lenda (2013). No ano seguinte ele chamou atenção novamente ao incorporar o ícone James Brown em Get On Up* (2014), num interpretação cheia de energia. Neste ano ele entrou no radar do Oscar pela primeira vez vivendo o primeiro advogado afro-americano a trabalhar na Suprema Corte dos EUA em Marshall (2018), pena que o Oscar resolveu indicar só a canção do filme...
#04 Ewan McGregor
O escocês Ewan McGregor escolheu ser ator por conta de um tio na família e chamou atenção desde que apareceu em Cova Rasa (1994), filme de estreia de Danny Boyle. Boyle e Ewan continuaram a parceria no ano seguinte e fizeram Trainspotting* (1996), onde o ator provou que não estava para brincadeira. O filme foi aclamado em Cannes e lhe valeu uma indicação ao BAFTA de melhor ator (assim como ocorreu com a continuação lançada no ano passado). O O Oscar preferiu apenas indicar o filme mais falado do ano ao prêmio de roteiro adaptado. Por um tempo, Ewan fez papéis polêmicos e controversos até ir para Hollywood e se tornar uma espécie de galã. Nesta fase nem sua performance em Moulin Rouge (2001) foi capaz de lhe render o reconhecimento da Academia. O moço teve que se contentar com a indicação ao Globo de Ouro. Ewan já começava a ficar repetitivo quando topou ser o objeto de afeição de Jim Carrey em O Golpista do Ano (2010), mas o filme dividiu tanto as opiniões que ele acabou esquecido mais uma vez. Eu poderia fazer uma lista só de filmes que do ator que mereciam uma indicação, mas vou seguir a regra e listar somente três...
#05 Gael Garcia Bernal
Eu sei que alguns vão dizer que Gael é mexicano e a Academia tem lá seus preconceitos e tal... mas o cara já virou estrela de Hollywood faz tempo. Eu até entendo que era cedo demais esperar uma indicação ao Oscar por seu magnífico trabalho em Amores Brutos (2000), o famigerado filme de estreia de Alejandro Gonzalez Iñárritú. Mas todo mundo esperava que ele fosse lembrado pela Academia por seu papel do jovem Che Guevara em Diários de Motocicleta* (2004), mas o filme foi indicado somente ao prêmio de melhor canção (e foi premiado). Depois ele fez vários outros trabalhos (e se mostrou um pé quente para o Oscar, com sete indicados ao Oscar em seu currículo). A última vez que o moço chegou perto foi como o jornalista Mazia Bahari, um jornalista iraniano-canadense que é preso por suspeita de espionagem em 118 dias (2014). Mas o fato dele ser mexicano deve ter pesado mais ainda neste caso...
#06 Idris Elba
O ator inglês foi o motivo de uma das maiores polêmicas de toda a história do Oscar - mas mesmo assim, ele não perdeu um grama de sua fleuma britânica enquanto Hollywood se engalfinhava. Muita gente já considerava que o ator merecia uma indicação por seu trabalho em Mandela: O Caminho para a Liberdade (2014), que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro ao viver o líder sul-africano. Todo mundo imaginava que o reconhecimento de seu avassalador trabalho em Beasts of no Nation* (2015) era a chance da Academia se redimir. Ele ganhou o Globo de Ouro, o Independent Spirit e o SAG de ator coadjuvante pelo papel do vilão do filme. Foi indicado ao BAFTA pelo trabalho e quando saíram as indicações ao Oscar... ponhonhóim: a Academia ignorou o filme completamente. Dizem que foi por conta de ser uma produção da Netflix, mas no ano em que todos os indicados foram brancos o assunto deu o que falar com a campanha #OscarSoWhite. Elba aceitou o destino e continuou seus trabalhos como se nada houvesse acontecido. Neste ano, algumas pessoas acreditavam que ele seria indicado pelo papel do advogado de Jessica Chastain em A Grande Jogada (2017), mas... não deu.
#07 Jamie Bell
O ator inglês se tornou uma paixão mundial quando foi revelado como o menino filho de carvoeiros que queria ser bailarino em Billy Elliot* (2000). O filmão de estreia de Stephen Daldry apareceu em várias premiações e colocou Jamie entre os indicados no British Independent Award, SAG e vários outros prêmios. Ele ganhou alguns prêmios de ator revelação aos 14 anos e levou para casa o BAFTA de melhor ator pelo papel. Nada mal para um menino que não tinha experiência diante da câmera. O Oscar indicou o longa aos prêmios de direção, atriz coadjuvante, roteiro original e... Jamie ficou de fora. Ele continuou sua carreira fazendo um filme atrás do outro e a Academia o esqueceu de vez. Assim, bons trabalhos como em Jane Eyre (2011) foram esquecidos. Neste ano ele poderia ter sido lembrado por Film Stars Don't Die in Liverpool (2017), que lhe valeu elogios e uma indicação ao BAFTA de melhor ator. O Oscar ignorou o filme completamente, mais uma vez.
#08 Jeff Daniels
Daniels tinha a maior pinta de galã. Sua aparência caía como uma luva para papéis de bom moço, especialmente se fosse um tanto perdido. Depois de trabalhar no teatro ele foi para a TV nos anos 1980 e em 1983 já aparecia somo o genro de Shirley MacLaine em Laços de Ternura (1983). O filme foi indicado à onze estatuetas e surpreendeu ao levar cinco para casa - incluindo melhor filme. MacLaine e Jack Nicholson foram premiados. Debra Winger e John Lithgow foram indicados e Jeff... ficou de fora. Ele poderia ter melhor sorte no ano seguinte ao viver um dos melhores personagens criados por Woody Allen, o personagem que sai da tela para namorar uma cinéfila frágil e suspirante em A Rosa Púrpura do Cairo* (1985). O Globo de Ouro o indicou a melhor ator de comédia e musical, mas o Oscar só lembrou do roteiro. Depois ele fez de tudo: suspenses, dramas, comédias e até Débi e Loide (1994). O tempo passou. Ele envelheceu e acharam que com o elogiado A Lula e A Baleia (2005) ele poderia ser indicado ao Oscar de ator pelo pai egocêntrico em crise do filme. Mera ilusão. Com vários trabalhos marcantes (e cada vez melhor em seu ofício), Jeff é forte candidato a um Oscar honorário em 2038, quando completará 83 anos...
#09 Michael Stuhlbarg
Aos cinquenta anos, Mike já se consagrou como o ator coadjuvante do momento. Não apenas neste ano ele está em três filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme (o que é impressionante), como ele já participou de doze filmes já lembrados pela Academia. Sete concorrendo como melhor filme. Pouco conhecido pelo público, ele começou a chamar atenção ao protagonizar Um Homem Sério* (2009) dos irmãos Coen - oncd vive um professor que tenta não se desesperar quando a vida caminha para a ruína. Pelo papel ele foi lembrado no Globo de Ouro, mas o Oscar preferiu indicar o longa ao prêmio de Melhor Filme e Roteiro Original. Outra vez que acharam que sua indicação era certa foi quando fez Andy Hertzfeld, amigo de Steve Jobs (2015). Mas o Oscar só teve olhos para seus colegas Michael Fassbender e Kate Winslet. Neste ano ele era um dos favoritos ao prêmio de coadjuvante pelo papel do pai que tem a cena mais comovente de Me Chame Pelo Seu Nome (2017), mas... foi esquecido novamente.
#10 Vincent Cassel
Eu sei que vocês vão dizer que o cara é francês e tem feito mais filme no Brasil do que em Hollywood. Mas... quantas atuações memoráveis você já viu do oscarizado francês Jean Dujardin? Pois é. Vincent Cassel é famoso por suas atuações intensas e marcantes, principalmente quando precisa dar conta de personagens esquisitos. Com 52 anos, ele filma mais na França do que em qualquer outro lugar, mas já fez filmes em todo o canto. Imaginaram que ele poderia ser lembrado no Oscar quando fez o papel do bandidão Jacques Mesrine em Inimigo Público Nº 1* (2008). Não foi (mas pelo menos ele ganhou o César). Depois ele provocou arrepios com Sheitan (2013), onde infernizava a vida de quem cruzava o seu caminho. Esquecido novamente. Recentemente ele fez Meu Rei (2015), e, ainda que tenha colhido elogios, a Academia o ignorou novamente. Fora isso, Cassel tem vários filmes americanos com diretores renomados (Darren Aronofsky, Danny Boyle, David Cronenberg, Paul Greengrass...) mas a Academia nem o percebe, ou, pelo menos, finge muito bem. Pelas minhas contas, o Oscar honorário dele sairá em 2049.
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