James McAvoy: improvisando o roteiro.
Acho que James McAvoy não precisa provar nada para ninguém (eu faço parte dos que consideram o escocês talentoso desde que ele apareceu com aqueles chifrinhos no primeiro As Crônicas de Nárnia/2005), embora eu ache que o Oscar bem que poderia ter notado o moço em alguns filmes (ignorar seus trabalhos em O Último Rei da Escócia/2007 e Fragmentado/2016 é imperdoável) quando o vejo embarcar em um projeto em que filmou sem ler o roteiro, eu só imagino sua necessidade de provar seu talento mais uma vez. Se levarmos em conta que o filme é uma versão em inglês de um longa francês dirigido pelo mesmo Christian Carion a coisa fica ainda mais curiosa. Carion usou esta mesma premissa com Guillaume Canet e fico curioso de ver como os dois atores improvisaram perante o mesmo ponto de partida. James vive Edmond Murray, um homem que vive ocupado em viagens pelo mundo à trabalho. Com isso sobra pouco tempo para ver o filho pequeno que mora com a ex-esposa (Claire Foy) que tenta reconstruir a vida ao lado de Frank (Tom Cullen). Por isso, existe muita dor e culpa no momento em que seu filho desaparece sem deixar vestígios em um acampamento e Edmond estabelece para si a missão de encontrá-lo. Parece que durante as filmagens eram pontuadas apenas alguns fatos marcantes para o ator para que a trama avançasse, o estranho é a forma como isso acontece - já que assim como James ninguém parece saber muito bem o que está fazendo em cena, assim, algumas cenas parecem completamente sem sentido (aquela da casa a ser construída sem um quarto para o menino desaparecido é uma das coisas mais mal explicadas da trama), outras parecem estar ali apenas para complicar a jornada do pai desesperado para encontrar o filho. O maior desafio de McAvoy não é interpretar o pai angustiado pelo desaparecimento do filho, mas a necessidade de carregar um filme desgovernado fingindo que está tudo sobre controle - ou seja, um verdadeiro paradoxo. O filme tem seus mistérios, tem suas bobagens e reviravoltas estapafúrdias (a polícia não dá conta do caso, mas a determinação do pai basta para resolver o mistério) e no final deixa a impressão que James McAvoy não precisa mesmo passar por tudo isso. Em cartaz no Prime Video, o filme atiça nossa curiosidade e manipula nossos pesadelos, mas não vai além do previsível.
Meu Filho (My Son / Reino Unido - França - Alemanha /2022) de Christian Carion com James McAvoy, Claire Foy, Tom Cullen, Gary Lewis, Robert Jack, Owen Whitelaw e Michael Moreland. ☻☻
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