sábado, 18 de junho de 2022

#FDS Made in Canada: O Mito do Orgasmo Masculino


Miranda e Bruce: sexo e romance em discussão. 

Nos anos 1990 o cinema canadense ganhou status cult e rendia lançamentos concorridos aqui no Brasil. Lembro que um dos mais falados foi este O Mito Do Orgasmo Masculino, filme dirigido por John Hamilton que chamava atenção pelo título com título de dissertação de mestrado, mas revelava debaixo de suas pretensões politicamente incorretas uma comédia romântica divertida (a estratégia já fora usada por outro canadense, o Denys Arcand em O Declínio do Império Americano/1986) O filme conta a história de três amigos que resolvem participar de uma pesquisa acadêmica sobre a masculinidade ao final dos anos 1990. O foco está principalmente na forma como homens pensam e vivenciam a relação entre sexo e romance em suas vidas. Daí em diante seguem as entrevistas com pensamentos, posturas e confissões dos moços. Um dos amigos é dispensado logo no início, o outro se recusa a continuar aquelas conversas, mas o professor Jimmy Rovinsky (Bruce Dinsmore) resolve prosseguir no experimento e revela cada vez mais as suas contradições. Rovinsky acredita ser um homem diferente, que busca algo mais do que apenas sexo com a mulherada, mas a entrevistadora (Miranda de Pencier) o desafia com perguntas e jogos de palavras que o deixam cada vez mais confuso e exposto perante suas convicções. Nas conversas sobram provocações para homens e mulheres em suas desventuras amorosas, brincando até mesmo com alguns fetiches na forma como a entrevista é realizada (ele de olhos vendados numa sala escura conversando com um mulher que nunca deve se identificar num rito quase sadomasoquista que parece fasciná-lo gradativamente). Conforme a trama avança pode-se imaginar que começa a se estabelecer um interesse mútuo entre os dois personagens, mas pesa contra eles, o mundo para além da confidencialidade daquele ambiente de laboratório. Complementam a história a ex-namorada de Jimmy, a Paula (Macha Grenon) e uma amiga, Mimi (Ruth Marshall), pela qual o entrevistado tem uma verdadeira paixão platônica. Se a dupla principal consegue trabalhar bem as ambiguidades presentes nas conversas, o mesmo não de pode dizer do elenco de apoio. Tanto Paula e Mimi, como os dois amigos de Jimmy parecem não se desenvolverem o suficiente para deixar o filme mais provocador e interessante, não se afastando muito dos clichês que representam. A graça mesmo é ver a pesquisadora e seu voluntário destrinchando balelas manjadas das comédias românticas com tom de seriedade. Na época o filme rendeu várias discussões entre público e crítica, visto hoje com o distanciamento histórico (quase três décadas depois) as discussões podem até reaparecer sob o olhar dos dias atuais, mas convenhamos que a produção fica muito mais divertida se não for levada a sério em seu tom farsesco na abordagem da guerra dos sexos. O filme foi o maior sucesso da carreira de seu diretor, que hoje trabalha mais como produtor cinematográfico. 

O Mito do Orgasmo Masculino (The Myth of Male Orgasm - Canadá/ 1993) de John Hamilton com Bruce Dinsmore, Miranda de Pencier, Ruth Marshall, Mark Camacho, Burke Lawrence e Macha Grenon. 

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