Glenn e Mila: encontro de duas gerações de ótimas atrizes.
Glenn Close é uma atriz que dispensa comentários. Famosa por suas oito indicações ao Oscar (e nenhuma vitória), a atriz merece ser sobretudo lembrada pelo seu talento ao longo de quase quarenta anos de serviços prestados ao cinema. Se o seu nome já é capaz de chamar atenção para uma produção, posso dizer que, ainda em menor escala, o nome de Mila Kunis consegue o mesmo. A celebrada atriz que duelou com Natalie Portman em Cisne Negro (2011), bem que merecia uma indicação ao Oscar por seu trabalho no filme (mas a Academia preferiu ignorar). Na última cerimonia, o Oscar lembrou da atriz para que ela discursasse contra a guerra em seu país de origem, a Ucrânia, mas bem que poderia ter lembrado também do trabalho dela no drama Quatro Dias com Ela, indicado na categoria de melhor canção original. O filme não fez sucesso de público ou crítica e teve seu lançamento prejudicado por conta da pandemia do Corona Vírus e, embora não tenha traga novidades para os filmes do gênero, o filme é bem conduzido pelo diretor Rodrigo García e conta com atuações competentes das atrizes. O filme é baseado na história real de Amanda Wendler, que chamou atenção ao ser publicada no Washington Post sobre seu conflituoso processo de se livrar do vício em drogas. Neste trajeto de reabilitação, ela contou com a ajuda da mãe, que já a considerava um caso perdido após tantos problemas enfrentados. No filme, Amanda se chama Molly (Milla Kunis) e quando bate à porta da mãe, Deb (Glenn Close), em busca de ajuda, existe uma boa dose de desespero, mas, também, paira sobre a mãe a suspeita de que a filha pode estar prestes a realizar outro golpe sobre as finanças da família. A cena em si já é bastante dura de assistir, mas a competência das atrizes deixa o espectador ciente da perspectiva de ambas as personagens, o que se torna fundamental para o que veremos a seguir. A imagem de Mila Kunis destruída impressiona, assim como o equilíbrio que Glenn encontra entre a suspeita e a vontade de ajudar a filha. As duas terão que conviver pelos dias do título para que Molly esteja preparada para começar o uso de uma nova medicação para se tratar, no entanto, mais do que o vício, as duas precisam superar a própria relação de mãe e filha que tiveram até ali - e as cenas de lavada de roupa suja são inevitáveis, assim como momentos manjados, como aquele em que a mãe se depara com a realidade chocante de uma casa habitada por amigos da filha ou a cena em que Molly enfrenta uma turma de estudantes dispostos à julgá-la sem sinal de empatia. Quatro Dias com Ela se equilibra entre a sensibilidade e os clichês do gênero, porém alcança um bom resultado graças ao trabalho de seu elenco e da direção sensivelmente crua de Rodrigo García. A amizade do filho de Gabriel García Márquez e Glenn Close é antiga. Eles trabalharam juntos pela primeira vez na estreia dele no cinema com o ótimo Coisas que Você Pode Dizer só de Olhar para Ela (2000), se reencontraram em Questão de Vida (2005), depois ela o convidou para versão cinematográfica de Albert Nobbs (2011) - que valeu a sua sexta indicação ao Oscar da atriz -, agora compartilharam mais este projeto que merecia um pouco mais de atenção.
Quatro Dias com Ela (Four Good Days / EUA - Canadá /2020) de Rodrigo García com Glenn Close, Mila Kunis, Stephen Root, Joshua Leonard e Carlos Lacamara. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário