quinta-feira, 23 de junho de 2022

PL►Y: Spiderhead

 
Chris: drogas, para que te quero? 

Se formos imaginar uma santíssima trindade de atores da fase inicial da Marvel Studios, teriam destaque o Robert Downey Jr (o Homem de Ferro), Chris Evans (o Capitão América) e Chris Hemsworth (o Thor). Não é novidade para ninguém que o primeiro Vingadores (que completou dez anos em 2022) se amparava principalmente nos três personagens e seu apelo diante do público. Não é novidade para ninguém que os dois primeiros se despediram do Universo Compartilhado da Marvel, mas Hemsworth continua lá firme e forte, tendo o novo filme do Deus do Trovão entre os mais aguardados do ano (e estreia em breve). Ironicamente, enquanto a carreira de seus ex-colegas de elenco está demorando para ganhar fôlego longe do universo dos super-heróis, o australiano tem conseguido filmes de projeção fora dos filmes da editora. Um deles é este Spiderhead, que estreou recentemente na Netflix e que se colocava entre os lançamentos mais esperados do serviço de streaming. A história é baseada num conto de sucesso publicado na revista The New Yorker que dá ares de ficção científica ao uso de remédios para mudar o humor e as atitudes das pessoas. Spiderhead é uma espécie de prisão alternativa em que um grupo de condenados se submetem a alguns testes com substâncias experimentais em troca de um ambiente mais agradável para cumprir suas penas. Assim, naquele espaço, desfrutam de celas individuais, comida saborosa, ausência de guardas e outros "confortos" - mas ao preço de se tornarem verdadeiros ratos de laboratório nos testes realizados por Abnesti (Chris Hemsworth). A maioria não parece se importar muito... pelo menos até que um dos voluntários, Jeff (Miles Teller) começa a perceber que existe algo de muito errado em tudo aquilo. Obivamente que todo aquele mecanismo em breve sairá do controle, gerando tortura física e psicológica e, óbvio, mortes. Como dá para perceber, a trama imaginada pelo escritor George Saunders tem material para um filme bastante interessante sobre comportamento humano, ética e direitos humanos e se tornaria um filme sombriamente relevante nas mãos certas. Infelizmente nas mãos dos roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick a coisa desanda logo na metade da sessão. Curiosamente, colabora muito para isso a direção indecisa de Joseph Kosinski (responsável pelo hit cinematográfico da temporada, a continuação de Top Gun que já se consagra como a maior bilheteria da carreira de Tom Cruise), que ao invés de abraçar o que a história possui de mais incômodo, resolve fazer humor totalmente fora de hora - e a atuação canastrona de Hemsworth piora ainda mais a situação. Também não ajuda o romance morno entre Jeff e Lizzy (Jurne Smollett) que parece que está ali só para dar toques de melodrama ao que já não estava indo bem. A direção de arte parece feita pelo primo pobre de Gattaca (1997) e ajuda a deixar o espectador um tanto entediado. No entanto, debaixo de todo potencial desperdiçado, Spiderhead tem uma temática tão interessante quanto perigosa, pena que o resultado seja tão bobo.

Spiderhead (EUA-2022) de Joseph Kosinski com Chris Hemsworth, Miles Teller, Jurnee Smollett,  Mark Paggio, Tess Haubrich e Ben Knight. 

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