Emily e Matt: romance em mais uma paranóia K.Dickiana.
Alardeado como mais uma adaptação da obra de Phillip K. Dick (precisa lembrar que ele é autor de obras que inspiraram Blade Runner, Minority Report, Vingador do Futuro...). No entanto, o filme ao invés de investir num "show de efeitos especiais" prefere utilizar a ficção científica do autor para embasar uma trama centrada na emoção dos personagens defendidos por bons atores. O filme é muito mais digno do título de romance do que ficção-científica, já que sinal de sci-fi se deve somente ao misterioso grupo de homens que seguem o casal principal e se entitulam como os tais agentes do destino (que a certa altura pode são comparados a um grupo de anjos). David Norris (Matt Damon) é um candidato ao senado de história complicada e origem humilde, ele nem faz ideia, mas sua vida mudará de rumo ao conhecer a bailarina Elise Sellas (Emily Blunt) num banheiro masculino (!). Por um acidente do destino ele acaba perdendo a eleição e a reencontra num ônibus, chegando a repensar os rumo que sua vida deve tomar. O que ele vai descobrir é que só encontrou Elise no ônibus por descuido do agente encarregado de evitar que se encontrassem e fazer com que seus destinos permanecessem afastados. Sendo assim, a missão dos agentes é corrigir o erro e afastar David de Elise. Até certo momento da trama eles não explicam o motivo do casal não poder ficar juntos, dexando nossa imaginação esperar por alguma catástrofe decorrente desta relação. George Nolfi (corroteirista de A Identidade Bourne/2002) faz o impossível para a trama não descambar para o ridículo (em vários momentos tive a sensação de que com algumas alterações o filme daria uma excelente comédia romântica) e nessa missão conta com atuação inspirada de Damon e Emily. Apesar de algumas perseguições e alguns truques de câmera (nitidamente inspirados no cinema de Michel Gondry) o filme só iria funcionar com uma dupla de atores capaz de dar credibilidade ao amor à primeira vista vivenciado por Elise e David (e desviar a atenção dos momentos mais delirantes da trama). Não precisa dizer que Damon e Emily são dois atores bem convincentes e tem a chance de fazer papéis bem diferentes dos que encarnaram nos últimos anos. Emily está bem leve como Elise (ela até sorri várias vezes!!) e Matt consegue fazer David (apesar das acusações de ter se metido em briga de bar e mostrado o traseiro numa festa com amigos) estar longe de ser um brucutu desmiolado. Posso até dizer que sem a dupla o filme seria um desastre. Além da dupla principal o elenco conta com Terence Stamp como um agente especial conhecido por métodos mais agressivos e John Slattery, mas é Antony Mackie que tem a atuação coadjuvante mais coesa como o agente do destino bonzinho. Apesar de alguns problemas de ritmo e piadinhas jocosas (como o chapéu que deve ser preservado na cabeça por mais que um agente corra) o filme deve agradar especialmente os mais carentes por um romance envolvente. Curiosamente, vendo o filme, me dei conta de como as tramas de Phillip K. Dick são paranóicas, mesmo quando se trata de uma trama rasgadamente romântica.
Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau/EUA-2011) de George Nolfi com Matt Damon, Emily Blunt, Terence Stamp, Antony Mackie, John Slaterry e Michael Kelly. ☻☻☻
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