Duvall e Black: boas atuações em trama inusitada.
Quando Get Low estreou nos Estados Unidos não foram poucos que o anunciaram como um dos grandes favoritos para o Oscar. Com a história curiosa de um eremita que quer comemorar seu funeral ainda em vida (é isso mesmo que você leu) na década de 1930 no estado da Geórgia, o filme satisfez a crítica que sente falta dessas histórias meio surreais e interioranas com a maior cara de folclore regional - nisso tudo, um grupo de atores inspirados ajudou bastante! Pena que a bilheteria foi minguando e o filme perdeu força ao ponto de passar em branco durante a temporada de ouro, rendendo a Robert Duvall somente o Hollywood Award de melhor ator no ano passado. Devo admitir que o filme do novato Aaron Schneider não é uma obra-prima, mas merece destaque pela forma emocional com que conta sua história curiosa. Robert Duvall tem uma de suas maiores atuações na pele de Felix Bush, um sujeito que viveu isolado numa casa perdida no meio da floresta. Bush não tem amigos, família ou bichos de estimação, tudo que parece ter lhe restado são as histórias que a população local conta sobre ele. Histórias que envolvem crimes e elementos obscuros em sua trajetória. Um dia Félix resolve sair de seu enclausuramento e procurar alguém capaz de organizar seu funeral. Desde o início deixa claro que não está doente ou com os dias contados por qualquer motivo. Ele simplesmente quer organizar uma festa para comemorar a sua morte, para isso irá contar com a ajuda de Frank Quinn (Bill Murray) e seu sócio bom moço, Buddy Robinson (numa atuação exemplar de Lucas Black). Mas o estranhamento não pára por aí, em meio aos preparativos, Félix anuncia que só pode comparecer ao funeral quem tiver uma história a contar sobre ele e cada pessoa que comparecer ao evento irá concorrer a herdar suas cobiçadas terras intocadas por 40 anos. Apesar de inexperiente, o diretor consegue equilibrar essas bizarrices com os dramas de seu curioso protagonista, basta vermos seu primeiro encontro com a sogra de Robinson, Mattie (Sissy Spacek) para vermos o fundamento amoroso de seu isolamento. Essa relação de Félix com o mundo é o ponto alto da atuação de Duvall, que consegue transitar entre o rude e o melancólico de seu personagem, que aos poucos tem os indícios de seu isolamento revelados pelo roteiro. Apesar de ter alguns problemas de ritmo e abandonar gradativamente a atmosfera de estranhamento inicial, Segredos de Um Funeral é uma dramédia agradável de se assistir, principalmente pelo seu elenco que exala dedicação a cada cena.
Segredos de Um Funeral (Get Low/EUA-2010) de Aaron Schneider com Robert Duvall, Bill Murray, Lucas Black e Sissy Spacek. ☻☻☻
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