Nico, Zoé e Felino: praticantes de Le Parkour.
Muita gente foi pega de surpresa quando esta animação francesa cravou uma indicação ao Oscar de animação. Na verdade, quem teve a oportunidade de assisti-la nas poucas salas em que era exibida no Brasil não estranhou muito. O trabalho de Jean Loup Felicioli e Alain Gagnol é de um visual impressionante, que lembra um livro infanto-juvenil em movimento. Não tenho nada contra animações feitas em computação gráfica, mas com o modismo, os desenhos feitos no formato tradicional acabam quebrando a mesmice - principalmente se o traço não tem a intenção de repetir o estilo Disney de desenhar e contar suas histórias. Além do traço estiloso, Um Gato em Paris possui uma trama bastante original, que flerta com histórias policiais sem perder sua leveza. Quem é dono de felinos deve ter cansado de especular para onde eles vão quando deixam o conforto do lar e vão se aventurar pela noite da vizinhança. Este foi o ponto de partida de Gagnol para criar o filme. Zoé é uma menina que não pronuncia uma palavra, ela mora com a mãe e um gatinho que à noite se aventura ao lado de um ladrão, Nico. Depois de suas aventuras ele volta para casa e se rende aos carinhos da menina - e às implicâncias da babá que toma conta de Zoé enquanto a mãe dela trabalha. A mãe de Zoé, Jeanne é uma delegada que está intrigada com as pistas de um certo ladrão de jóias que deixa vestígios felinos como pêlos e patinhas pelo chão. Além disso, Jeanne tem a chance de capturar o gangster Victor Costa, responsável pela morte do seu esposo policial e a oportunidade para isso se aproxima com a chegada à cidade de um artefato raro que chama a atenção do bandido. O problema é que o interesse de Nico pela mesma peça irá gerar algumas confusões que colocarão Zoé em perigo. O roteiro de Alain Gagnol capricha na criação da ação e gera cenas de perseguição pelos telhados parisienses como se todos em cena fossem praticantes de parkour. Com ritmo e tensão crescente embalando o traço estiloso, o único problema do filme é a duração (70 minutos). O roteiro é um exemplo de concisão, mas se fosse mais longo daria para aprofundar mais a relação que se anuncia entre o "bom ladrão" Nico e Jeanne. De todos os personagens é Nico o menos desenvolvido, mas seu traço tem tanto charme que nem ligamos para isso, torcemos por ele porque diante do vilão em cena, Nico se torna protetor de Zoé. A animação foi um sucesso nos cinemas franceses (rendendo mais de um milhão nas bilheterias) e conquistou fãs pelo mundo pela coesão com que apresenta seu traço infantil embalando uma trama que deve agradar muita gente grande. A forma como o filme reproduz os movimentos do bichano e dos gatunos sobre os telhados é de uma precisão impressionante, um detalhe técnico que torna-se uma saborosa cereja neste filme que entra na lista de animações cultuadas e cheias de estilo.
Um Gato em Paris (Une Vie de Chat/França-2011) de Jean Loup Felicioli e Alain Gagnol com vozes de Dominique Blanc, Bruno Salomone e Oriane Zani ☻☻☻☻
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