quinta-feira, 27 de abril de 2023

PL►Y: Era Uma Vez Um Gênio

 
Tilda e Idris: amor pelas narrativas. 

George Miller é conhecido principalmente pelo seu trabalho em Mad Max: Estrada da Fúria (2015), mas seu escopo cinematográfico é bem mais vasto. Ele é responsável também pelo irresistível As Bruxas de Eastwick (1987), pelo drama competente O Óleo de Lorenzo (1992), pela indicação ao Oscar do porquinho mais querido do cinema (Babe/1995) e tem um Oscar na estante pela animação Happy Feet (2006). Pensando no seu currículo diferenciado é até fácil entender o que lhe atraiu no conto de A.S. Byatt. De início o filme parece que irá contar a história da pesquisadora Alithea (Tilda Swinton) que é narratologista e é convidada para um congresso em que apresenta paralelos entre histórias milenares e os super-heróis das histórias em quadrinhos. No entanto, o tom científico não impede que ela suspeite que sua mente está lhe pregando peças, de forma que ela veja criaturas fantásticas interagindo com ela. Ainda assim, quando ela se depara com uma garrafa q aprisiona um gênio (Idris Elba), fica difícil o espectador imaginar que ela está delirando. Grato por tira-lo daquela prisão, o gênio lhe oferece os tradicionais três desejos, mas para ela, qualquer pedido que fuja da lógica de sua vida racional é um sinal de problemas. Porém, enquanto ela não pedir os três desejos ele está aprisionado à ela. Começa então uma longa conversa em que o gênio tenta convencê-la a fazer os pedidos. Começa então a contar mais de três mil anos de história envolvendo personagens verídicos e a forma como esteve presente na vida deles. Ver a história pela ótica do gênio torna o filme bastante atraente, enriquecido ainda mais pelas ambientações caprichadas pela direção de arte, figurinos e maquiagem. O uso de cores conjugado com a fotografia alcança um resultado deslumbrante que torna o apelo visual do filme seu ponto mais forte Nota-se que por boa parte da projeção, Tilda e Idris são participações mais do que especiais na arte de Miller construir sua narrativa sobre contação de histórias. Não por acaso, nos lembra a capacidade que o cinema tem de narrar através de palavras e imagens para atrair a atenção do espectador. Quando o filme chega em sua terceira parte, ele inverte um pouco os papéis, colocando o gênio no mundo real, com suas cores e rotinas menos vibrantes, comprometendo a sobrevivência da própria fantasia. É nessa parte que o filme perde um pouco de sua força, principalmente por conta do súbito amor de um pelo outro (mas vou atribuir o amor da protagonista ao fato do gênio ser o Idris Elba), mas antes que alguém chame minha atenção, eu entendi que não se trata do amor entre dois personagens, mas o amor da humanidade pela sua imaginação e capacidade de criar narrativas. 

Era uma Vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing/ EUA - Austrália) de George Miller com Idris Elba, Tilda Swinton, Nicolas Mouawaud, Lachy Hulme, Aamito Lagum, Anna Adams e Ogulcan Arman Uslu. 

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