sábado, 15 de abril de 2023

PL►Y: O Estrangulador de Boston

 
Knightley: jornalista em busca de um serial killer.  

Nos anos 1960, mulheres de idade avançada que moravam sozinhas começaram a ser assassinadas dentro de casa. A semelhança entre as situações chamaram atenção da jornalista Loretta McLaughlin (Keyra Knightley), que estava cansada de escrever sobre cuidar da casa e novas torradeiras. Meio a contragosto do chefe, ela começa a pesquisar o que estava por trás dos crimes. De início ela não descobriu muito mais do que as meias-calças amarradas no pescoço das vítimas como se fosse um laço. Em busca da verdade Loretta enfrenta uma série de desafios na forma como a imprensa aborda este tipo de fato, algo ampliado pelo fato dela ser mulher e por sua pesquisa enveredar por espaços tidos como marcadamente masculinos (delegacias, bares, contatos com suspeitos), assim como os homens se sentem e tanto ela quanto os homens sentem incomodados por suas indagações. Não fosse o interesse da jornalista, provavelmente o assassino do título (que recebeu o nome cunhado por ela) jamais teria recebido atenção da mídia, que preferia ver os crimes como situações, digamos, "sem muita importância". O filme então segue a cartilha desse tipo de trama: a forma como a imprensa seleciona suas prioridades, o jeito que a sociedade digere a notícia ou até a histeria em torno de possíveis suspeitos, de forma que pede muito emprestado do que David Fincher fez em Se7en (1995) e mais ainda em Zodíaco (2007), mas sem tanto apuro estético (a fotografia monótona não ajuda) e um clímax final satisfatório. No entanto, o filme funciona na forma como constrói a narrativa como se enveredasse não por um labirinto de pistas e suspeitos, mas por um verdadeiro beco sem saída. O filme consegue criar a ideia de ameaça constante, definindo aos poucos o criminoso do título como uma espécie de lenda urbana que ganha materialidade a medida de que bebe diretamente nos casos de feminicídio que direcionam o caso. É assustador a quantidade de homens que no meio da investigação apresentam motivações para cometerem seus crimes num emaranhado de nomes formados por pacientes psiquiátricos, maridos infiéis e namorados ciumentos. Neste ambiente hostil Keyra Knightley apresenta aqui um de seus melhores trabalhos, mas o filme perde pontos por somente seu personagem ganhar destaque (Carrie Coon aparece pouco como sua parceira e os demais personagens são apenas unidimensionais). Ainda que não tenha um desfecho marcante, ele permanece assustador e apontando para uma temática que, infelizmente, ainda se faz muito presente nos telejornais. O filme está em cartaz no Star+. 

O Estrangulador de Boston (Boston Strangler / EUA-2023) de Matt Ruskin com Keira Knightley, Carrie Coon, Chris Cooper, Alessandro Nivola, Morgan Spector, David Dastmalchian e Rian Winkles. 

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