Os Cowboys Bebops: esperando a versão Made in Hollywood.
Falando em recauchutar ficções científicas, faz tempo que Hollywood vem anunciando a adaptação de Cowboy Bebop (CowBe para os íntimos), com previsão de estreia para este ano - e com o nome de Keannu Reeves no alto dos créditos. Cowboy Bebop é inspirado nos personagens do mangá escrito por Hajime Yatate e que ganhou versão seriado de animação pelas mãos de Keiko Nobumoto sob a direção de Shinichiro Watanabe (entre os anos de 1998 e 1999). Watanabe também assina esta versão para o cinema que foi lançada em 2001. Vale destacar que o universo construído para a história é dos mais interessantes, bebendo em fontes tão variadas que lembram tanto as obras de Phillip K. Dick quanto as aventuras de Bruce Lee. A trama se passa em 2071, onde a evolução tecnológica permite que os seres humanos habitem colônias em outros planetas - o que ajuda bastante com o problema da super-população mundial. Com o crescimento da população, obviamente que cresceu o número de criminosos, ao ponto da polícia não dar conta do serviço e recorrer a caçadores de recompensa (na gíria: os chamados cowboy). Os protagonistas vivem na nave Bebop e atendem pelos nomes de Spike (o pinta de mocinho), o grandalhão Jet, a escorregadia Faye, a hacker andrógina Edward Wong e o cão Ein. Nos quadrinhos cada um deles possui uma trajetória interessante que por si só já valeriam filmes, mas o longa-metragem prefere não aprofundar muito suas histórias de vida, se concentrando na ação e no traço elaborado que incorpora a profundidade dos cenários e o detalhamento no movimento de seus personagens. Embora a saga de CowBe tenha 26 episódios, este longa-metragem tem uma trama específica (batizada de Knockin' on heaven's door, nome da canção de Bob Dylan e que mantém a marca da série de dar nomes de canções famosas às aventuras do grupo). O filme aborda uma ameaça terrorista, injetando um novo vilão no universo Bebop, o vilão foragido Vincent - que é procurado pelos cowboys e que possui uma ameaça biológica capaz de dizimar a humanidade em poucas horas. Entre uma cena de ação e outra que conhecemos algumas particularidades de seus personagens (a engenhosidade de Spike, o tom zeloso de Jet, a audacia de Faye e assim por diante). O que mais impressiona em Cowboy Bebop é como o diretor e o roteirista elevam a animação a um patamar narrativo que ganha de muitos filmes de ação de carne e osso, por vezes até esqueci que era uma animação! De traço estiloso, trilha sonora de primeira e ritmo crescente na tensão, o único problema do filme é que trata-se de uma produção voltada principalmente para quem acompanha a trajetória dos personagens, já que não gasta tempo aprofundando suas trajetórias. No filme percebemos que são caçadores de recompensa de bom coração e que se metem numa encrenca maior do que a que estão acostumados. Embora misture inúmeras referências em sua elaboração narrativa e estilística o filme transborda em semelhanças com Blade Runner, especialmente em seu final chuvoso centrado num vilão que fugiu de onde deveria estar confinado até o fim de seus dias. É o tipo de animação japonesa cult, destinado a uma legião de fãs fiéis que se equilibra numa corda bamba com competência (embora alguns fãs xiitas torçam o nariz), não chega a ser um divisor de águas como Akira (1988), mas Holywood precisará suar para superar o resultado desta animação (talvez seja esse o principal motivo para o atraso da produção).
Cowboy Bebop - O Filme (Cowboy Bebop - Knockin' on heaven's door/Japão - 2001) de Shinichiro Watanabe com vozes de Koichi Yamadera, Unshu Ishizuka e Norio Akamoto. ☻☻☻
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