Potter: A hora do fim.
A segunda parte da adaptação do último livro do bruxinho mais famoso do cinema estreou e qualquer mágico ou trouxa sabia que seria um grande sucesso de bilheteria. Eu poderia refletir sobre o escapismo da série ou recapitular cada episódio - dizer qual é o meu favorito (O Prisioneiro de Azkaban/2004 registre-se) e qual eu mais detesto (O Enigma do Príncipe/2008, para os curiosos) -, lembrar que não me empolguei com as primeiras aventuras na telona capitaneadas pelo insosso Chris Columbus entre outras coisas. Mas vou tentar me concentrar no último da série. David Yates já havia provado que não é um diretor memorável, mas quando está inspirado é capaz de dar um tom maduro conveniente aos filmes de Potter, foi assim em A Ordem da Fênix/2007 (meu segundo favorito) e foi este caminho que tentou retomar neste fim da franquia. Ao lado da sua primeira parte, Relíquias da Morte compõe um filme só, por isso não se preocupa a dar explicações sobre o último filme, nessa tarefa devo dizer que Yates não compromete o fim da saga, consegue injetar heroísmo, alguma melancolia, ensaia surpresas e consegue até arrancar uma atuação convincente de Daniel Radcliffe (que já dava sinais de cansaço há uns três filmes). Imagino a pressão que rondava a produção quando todo mundo aguardava o confronto tão esperado de Potter e Lorde Valdemort (Ralph Fiennes), além da expectativa de uma legião de fãs xiitas (que cresceram lendo e assistindo as aventuras do personagem) que reclamavam dos mínimos detalhes da produção, mas a equipe conseguiu alcançar um resultado satisfatório. Yates se esforça para amarrar o maior número de pontas soltas deixadas durante a série mantendo um ritmo equilibrado e procura dar destaque a atores que andavam em segundo plano há um bom tempo. Um exemplo disso é Maggie Smith que está esplêndida nos momentos mais importantes de sua professora Minerva diante das ameaças que rondam a escola de Hogwarts. A ameaça tem o nome de Valdemort e sua trupe de bruxos malévolos que desejam destruir Potter (Radcliffe) antes que este encontre os pedaços da alma malígna do mestre do magia negra (as chamadas horcruxes). Desde o último episódio (que muitos criticaram por seu ritmo arrastado) sabiamos que a maior parte da ação ficaria para este aqui, entre as cenas de destruição de Hogwarts, baixas significativas entre os amigos de Potter notamos que o elenco principal não quer fazer feio entre os muitos efeitos especiais que devem dar conta do "mágico confronto entre as forças do bem e do mal". Não sei quanto a vocês, mas tenho certa estima por Daniel Radcliffe, Emma Watson (a Hermione) e Rupert Grint (o bom amigo Ronnie), lembro de quando eram crianças que fingiam atuar e a gente fingia que acreditava naquilo (e nisso as dezenas de atores renomados da Inglaterra ajudaram um bocado), mas acho que no decorrer da série melhoraram enquanto atores. Todo mundo ressalta há tempos como Watson está melhor do que os seus colegas de elenco, talvez por isso ela tenha uma participação menor neste aqui (o que compromete o aproveitamento de seu namoro com Ronnie), mas isso só trabalha a favor de Radcliffe, que se esforça bem mais do que nos filmes anteriores. Ele pode não ser um grande ator, mas um refresco da franquia deve lhe fazer bem - e nisso as constantes participações em montagens teatrais deve ajudar. Embora não tenha ideias tão bem sacadas quanto o anterior (como utilizar de recursos de sombra para contar sobre as tais relíquias da morte), Yates mostrou que não tem medo de ser sombrio judiando de personagens tão queridos de seu público - mas claro que fica há léguas do que um diretor mais ousado como Guillermo Del Toro ou um retorno de Alfonso Cuarón (de Prisioneiro de Azkaban) poderia ter feito nesta conclusão da saga. Conforme enfilera surpresas e cenas de ação, o filme vai deixando pelo caminho personagens com desfechos que mereciam ser mais explorados (como da família Malfoy ou o fim de Belatriz Lestrange num confronto tosco com a senhora Weasley), mesmo assim o gosto de despedida é crescente. Se Draco Malfoy (Tom Felton) perde de vez seu impacto como vilão (ele praticamente sumiu da história), ironicamente o filme dá destaque para Neville Longbottom (Matthew Lewis) como um herói relevante. Embora alguns possam identificar que existam elementos que possam gerar uma outra continuação para saga (que eu sinceramente não identifiquei), acho que As Relíquias da Morte - Parte 2 fecha a saga irregular do bruxinho de forma coerente.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hollows/EUA-Inglaterra-2011) de David Yates com Daniel Radcliffe, Emma Watson, Ralph Fiennes, Rupert Grint, Alan Rickman, Helenna Bonhan Carter, Tom Felton, Matthew Lewis, Jim Broadbent e Julie Walters. ☻☻☻
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