quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DVD: Na Trilha do Assassino


Lori e Eric: juntos e ainda solitários.

É engraçado como um título sem graça pode reservar um grata surpresa perdida nas locadoras. Quando lançaram este Na Trilha do Assassino direto em DVD, lembro de ter lido críticas mornas e declarações que garantiam que se não fosse a presença de Russel Crowe o filme não chamaria a mínima atenção dos distribuidores. Sendo assim, aluguei o filme sem maiores pretensões e apesar de alguns tropeços o filme consegue ser bem interessante, até por conta das soluções nada previsíveis construídas pelo diretor. Curioso como o cara acerta no difícil (o desfecho) e erra no fácil (a apresentação dos personagens). Está certo que Crowe é mero coadjuvante, mas gosto mais de suas atuações intimistas em filmes como este do que sua constante paródia de Gladiador (acho que ele precisa discutir sua relação com Ridley Scott). Crowe (ainda rechonchudo) é um policial que cuida da esposa que sofreu um derrame, nas horas vagas ele vigia o jovem psicopata que é o verdadeiro protagonista do filme. Eric Poole (Jon Foster) é um psicopata acusado de matar os pais e que, pelo seu bom comportamento e argumentações em sua defesa (o uso abusivo de antidepressivos, por exemplo), é considerado apto a viver em liberdade. Sendo assim vai morar com a tia (Laura Dern) enquanto tenta dar um rumo para sua vida. Após um belo dia de chuva ele diz que vai procurar uma faculdade que o aceite, mas na verdade irá se encontrar com uma mulher que conheceu na prisão. É neste momento que sua trajetória se cruza com a de Lori (Sophie Traub), garota de 16 anos que parece ser bem mais problemática do que sua mãe supõe. Lori parece nutrir uma atração há tempos por Eric, ainda que este não se lembre dela num primeiro momento. O filme consegue contruir uma tensão crescente na relação entre o jovem casal, que aos poucos irá descobrir que possuem estranhas semelhanças (ainda que busquem caminhos diferentes para lidar com elas). É um relacionamento estranho que se estabelece entre Eric e Lori, e este não enfraquece nem quando a garota percebe que o rapaz está longe de ser o príncipe encantado tímido que imaginava. Lori nem sabe que um policial (Crowe, em atuação contida e que mostra que não precisa de explosões emocionais para provar que é um bom ator) pretende evitar a tragédia que se desenha. John Polson desenvolve seu filme sem pressa, mais sugerindo a violência do que a mostrando e o resultado consegue estar acima de filmes badalados e enfadonhos como O Assassino em Mim (2010) de Michael Winterbotton, que tem temática parecida mas desenvolvimento totalmente equivocado. Na construção do filme colabora muito a escolha da cara de bom moço de Foster para encarnar Eric (o que faz com que, de início possamos compreender a atração de Lori por ele, para mais tarde termos cada vez mais medo e  decepção). Polson ainda demonstra criatividade em cenas como da tia trancando o quarto antes de dormir (por medo do sobrinho, o qual tenta não ver como um monstro), a angustiante cena de Lori na montanha russa e, especialmente, o desfecho arrebatador que nos faz esquecer qualquer deslize. O final triste, que distancia ainda mais a forma como o jovem casal lida com suas dores pessoais, é um dos mais comoventes que vi nos últimos anos - fato que deve garantir a esta produção alguns fãs em sua trajetória nas locadoras.

Na trilha do Assassino (Tenderness/EUA-2009) de John Polson com Jon Foster, Russel Crowe, Sophie Traub e Laura Dern. ☻☻☻

2 comentários:

  1. Não gostei desse filme. Primeiro porque, sou fã do Russel Crowe, e quando vi a capa, não pensei duas vezes e aluguei. Enquanto assistia o filme, esperava uma participação maior do Crowe, que infelizmente ficou como um coadjuvante... e a história é bizarra e lerda, enfim... achei um filme bem mequetréfe. =/ nota 5

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  2. Eu já sabia que a participação de Crowe não era grande, mas considerei muito boa a atuação dele. O filme é meio devagar mesmo, mas não considero isso um defeito (acho que isso só aumenta a angústia). Tb acho que a intenção da trama era ser bizarra mesmo (e não poderia ser diferente já que gira em torno de uma adolescente apaixonada por um psicopata...). Também sou fã de Crowe e acho que o filme colabora para percebermos que mesmo sem personagens furiosos ele prende nossa atenção.

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