Hedlund e Wilde: franquia repaginada.
Lembro quando era moleque e vi Tron (1982) e achei o roteiro confuso um grande contraste com sua exuberância visual. Enquanto os efeitos especiais eram de cair o queixo, a trama do homem que fica preso num computador não era das mais cuidadosas. Era mais pretensiosa do que propriamente interessante, tanto que apesar de reconhecer seu visual estilizado nunca me dei ao trabalho de rever o filme de Steven Liesberger. Com todos os avanços tecnológicos de hoje e a fome de Hollywood em gerar franquias de sucesso, era até previsível que buscassem revitalizar a franquia que pode conquistar fãs de sucessos como Matrix (1999) e A Origem (2010), os filmes que mais devem ter motivado esta reciclagem. Tron: O Legado se sustenta sobre o mesmo protagonista do original, o programador e empresário Kevin Flynn (Jeff Bridges) que desaparece após explicar didaticamente ao seu filho, Sam, como foi estar no mundo de Tron. Anos depois o menino cresceu e mostra-se insatisfeito com o andar da empresa que seu pai chefiava. Essa busca por um destino e o paradeiro de seu pai acabam o levando para o mesmo mundo eletrônico que seu pai criou e conheceu, um mundo dominado por um programa tirano chamado Clu (o mesmo Bridges), que subjuga os demais programas em jogos para sua diversão e controle - já que os mais fracos são eliminados sem muita cerimônia. Ao ser apresentado às regras deste mundo virtual, Sam (Garrett Hedlund) sabe que não é como os demais, sendo classificado como usuário, tal e qual o seu pai. A trama é tão simples que acho que não vale entrar em maiores detalhes para não estragar a diversão. Resta dizer que O Legado é menos filosófico que o original e por isso mesmo menos pretensioso. Os efeitos são de encher os olhos, a ação tem ritmo adequado, a trilha sonora de Daft Punk (que aparece até em participação especial numa festa) mostra-se essencial para entrarmos no clima do filme e o elenco também não compromete. Garrett Hedlund pode não ser o aspirante a astro mais empolgante do repertório hollywoodiano, mas faz o que deve ser feito sem riscos ou grande esforço. Já a beldade Olivia Wilde poderia ter um filme só para ela que a marmanjada não iria reclamar. Mas o nome no alto dos créditos ainda é o de Jeff Bridges, protagonista do primeiro Tron e que aqui mostra-se confortável num papel duplo - mesmo que em um deles os efeitos especiais que o rejuvenescem o deixe com cara de plástico. Além desse, o filme até ousa colocar Michael Sheen como uma paródia de David Bowie no seu período mais glam. Embora seja baseado numa ideia velha o filme cumpre exatamente o seu papel e comprova que a ideia do original era a frente de seu tempo, mantendo-se ainda curiosa. Recriado para ser uma franquia rentável, Tron - O Legado deixa ao fim o gosto de sequência que pode não se concretizar, já que a Disney não se mostrou muito empolgada com o resultado nas bilheterias (ironicamente como aconteceu com o primeiro de 1982, mas o filme custou 170 milhões e rendeu pouco mais de 400 milhões ao redor do mundo). Se você não viu o filme no cinema, vale dar uma conferida em DVD.
TRON - O LEGADO (Tron Legacy - EUA/2010) de Joseph Kosinski com Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Olivia Wilde e Michael Sheen. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário