sábado, 30 de junho de 2012

CATÁLOGO: Se7en - Os Sete Crimes Capitais

Pitt e Freeman: caçando um serial killer religioso. 

A década de 1990 deu ao cinema americano uma espécie de xodó nos filmes de suspense: o serial killer psicótico. Quase toda semana estreava um filme com algum lunático que se divertia matando parte do elenco, obviamente que o que viamos nos filmes não era o que se percebia na vida real. Os psicopatas pareciam aqueles vilões indestrutíveis das histórias em quadrinhos - e se fizesse sucesso receberia até uma continuação. Quando David Fincher lançou o seu segundo longa, houve uma espécie de marco no gênero, uma vez que o diretor alçou o serial killer a outro patamar, um mais estratégico, estiloso e angustiante para o espectador. Depois de Se7en os outros diretores teriam que se esforçar mais para conseguir, pelo menos, empatar com sua trama de elaboradas crueldades. O ponto de equilíbrio para as sandices que o vilão comete durante é a vida, até então, sossegada dos policiais que o perseguem. Um deles é o veterano William Somerset (Morgan Freeman em um grande momento) que está prestes a se aposentar quando se torna parceiro do recém chegado agente Mills (Brad Pitt, quando começava a ganhar alguma popularidade). Enquanto Somerset já está cansado de toda a violência que assola a cidade de Nova York, Mills ainda possui disposição para uma longa carreira na polícia, mesmo que isso desagrade sua esposa (Gwyneth Paltrow, namorada de Pitt na época e em seu primeiro papel de destaque). O aparecimento de um assassino incomum que cita os pecados capitais em seus crimes instiga os policiais a reavaliar os rumos de suas vidas, na medida em que começam a se sentir ameaçados por um psicopata astuto e mais inteligente que a maioria. Os Sete Crimes Capitais é essencialmente um filme policial, onde a dupla de tiras persegue um bandido, mas existe um bocado de ingredientes que fazem a diferença durante toda a trama. Pra começar a atmosfera sombria e apocalíptica transborda desde os créditos iniciais e só ampliam o horror das vítimas castigadas pelos seus excessos gerados pela gula, preguiça, avareza, luxúria, vaidade, além da  inveja e ira que compõem o desfecho surpreendente para a época. A ideia de um assassino motivado por ideias religiosas gerou um monte de outros filmes e livros, ou seja, além do sucesso de bilheteria, Se7en tornou-se a referência na construção de obras como Jogos Mortais (2004), Rios Vermelhos (2000) e até a trilogia Millenium. Claro que nada disso funcionaria se não existisse por trás o perfeccionismo de David Fincher que antes tivera problemas na concepção de Alien3 (1992) após uma carreira bem sucedida no ramos dos video clipes (você sabia que ele foi fundamental na transformação de Madonna em rainha do pop?), mas aqui encontrou sua consagração pelo total domínio cênico, da arriscada fotografia escura e uso de barulhos perturbadores. tudo para transmitir o desconforto e angústia ao espectador. Seu olhar atento a cada detalhe nas cenas é  notável, seja nas atuações (os olhos desiludidos de Freeman, a doçura de Paltrow, a impetuosidade de Pitt) ou na concepção dos cenários dos crimes mais sádicos do cinema. Sempre alternando o que deve e o que não deve ser mostrado. Realizado de forma independente (de forma ao diretor ter mais autonomia na condução da história), Se7en tornou-se uma pérola do suspense e mostrou que Fincher possuía um interesse bastante peculiar para o lado mais obscuro do ser humano - aspecto que tornou-se sua principal marca até o século XXI.

Se7en - Os Sete Crimes Capitais (Se7en/EUA-1995) de David Fincher com Morgan Freeman, Brad Pitt, Kevin Spacey e Gwyneth Paltrow.
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