Haddock e Tintim: o personagem clássico encontra a tecnologia.
Devo confessar que nunca fui muito fã das história de Tintim. Quem já se deparou com o personagem pioneiro das HQs criado pelo belga Hergé não deve ter demorado muito para notar que ser animado não é propriamente uma peculiaridade dele. Lançado em 1929, trata-se de um clássico. Lembro quando Spielberg juntou-se a Peter Jackson na criação de um longa metragem de animação com o personagem utilizando a captura de movimentos - um recurso moderno na criação de efeitos visuais que Jackson alçou a outro patamar quando criou Smigle com a dedicação de Andy Serkis (que tornou-se uma espécie de referência no assunto desde a trilogia do Senhor dos Anéis/2001) . O que me preocupava é que faz tempo que Spielberg não me empolga (desde Inteligência Artificial/2001 que já pecava naquele final meloso) e Jackson também não fez nenhuma maravilha em Um Olhar do Paraíso/2010 seu último e pior filme. Misturando tudo eu até consegui ter boa vontade com a versão para a telona de Tintim, mas não a suficiente para conferir o filme em 3D nos cinemas. Sorte minha. Apesar no esmero da produção o resultado me soou vazio até o osso. São tantas cenas de ação e correria que chega a cansar vendo aquele rapazinho correndo para lá e para cá atrás... do que mesmo? Lá pela primeira meia hora de filme parece que até Spielberg esqueceu o que estava fazendo e se rendeu a muitas cenas de tiroteio, confrontos e o maior índice de violência que já vi numa animação com censura livre. Claro que os fãs exaltaram "o resgate da inocência das histórias de Hergé"! Bem, acho que eles assistiram a outro filme, já que logo no início um dos personagens é metralhado na porta de casa. Apesar do colorido e dos traços que lembram os desenhos clássicos de um livro infantil, Spielberg sucumbiu aos encantos de criar uma espécie de Indiana Jones em versão desenho animado - se ele não deu conta de empolgar nem com o último Indiana, imagine nesta paródia. Tudo bem que Tintim é um personagem clássico, mas custava apresentá-lo de forma decente ao público? Afinal, o que aquele adolescente com cara de menino faz armado se misturando com piratas e bandidos? Spielberg pensa que a cena em que Tintim é desenhado por um artista de rua em seus traços tradicionais basta para apresentá-lo ao público. Não é bem assim. Tintim (interpretado por Jamie Bell) é um jovem repórter que tem como fiel companheiro o cão terrier Milu como parceiro, a aventura começa quando Tintim compra um barco em miniatura que guarda um segredo e é cobiçado por um homem refinado e estranho que está em busca de um navio naufragado chamado Licorne, que fora comandado pelos ancestrais do capitão Haddock (Andy Serkis). Este é o ponto de partida para muitas perseguições, brigas e cenas de ação elaboradas que se repetem exaustivamente até o final. Além dos nomes citados, Spielberg convenceu Daniel Craig, Simon Pegg, Nick Frost e Cary Elwes a participarem do filme. Ainda não sei qual é a graça para um ator conhecido emprestar seu corpo para uma técnica como essa, no fim das contas todos parecem dubladores e ponto. Seja como for, quem viu o filme nos cinemas e reparou essas carências nem deve ter estranhado ignorou o filme na categoria de Melhor Animação (vale lembrar que o filme ganhou o Globo de Ouro nesta categoria).
As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintim/EUA, Bélgica, Nova Zelândia-2011) de Steven Spielberg com Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig e Simon Pegg. ☻☻
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