Owen: dando o sangue pelo filme.
Sem dúvida os filmes de terror com formato "documental" servem como uma luva para os tempos de crise nas bilheterias. Pra começar, quanto mais desconhecidos forem os atores maior será o efeito "reality", além disso toda a campanha de divulgação costuma ser feita pela internet com cenas que dizem ser verdadeiras (o que poupa uma verdadeira fortuna em campanhas virais) e, principalmente, pelas cenas fingirem que são recortes de uma determinada história real, o roteiro não precisa se preocupar muito em desenvolver personagens, ter diálogos milimétricamente encadeados e outros quesitos básicos para manter o interessa da plateia. Basta dar pequenas pistas de que no final a carnificina será inevitável! Depois de Atividade Paranormal (2007) esse tipo de produção ganhou grande fôlego e chegou até a ir para o espaço na mente do roteirista estreante Brian Miller. Por que o homem nunca mais voltou à Lua? Por que só trazem pedras lunares nas missões? Essa é a premissa de Apollo 18 que teve um orçamento modesto (cinco milhões de dólares) e lucro considerável (17 milhões só nos Estados Unidos) com a história fictícia da última missão lunar da NASA. Historicamente a missão nunca existiu, mas quem se importa quando o filme começa com aquele clima de que o tempo todo a NASA ocultou a missão por saber que havia algo errado em território lunar? O filme acompanha três astronautas: Ben Anderson (o cara de galã Warren Christie), Nate Walker (Lloyd Owen) e John Grey (Ryan Robbins) que são designados para ir até a Lua numa missão secreta, que não deve ser compartilhada nem com seus familiares mais próximos. Fiel ao subgênero que pertence, ao chegar no satélite a história começa a se arrastar com a paisagem tediosa do espaço. As coisas só mudam quando acontecimentos estranhos evidenciam que não são as únicas formas de vida presentes ali. Para aumentar o nível de horror, descobrem um astronauta russo morto e uma nave destruída. Da metade da sessão em diante o filme melhora consideravelmente, já que a paranoia dos astronautas caminha para o auge (e a sensação de isolamento causado pelas paisagens lunares amplia ainda mais suas angústias). Embora o roteiro empregue todo o clichê espacial que se pode imaginar em sua reta final (a NASA esconder dados importantes para os astronautas, a agência espacial hesitar na hora de resgatar sobreviventes, apresentar Ben como mocinho pelo seu apelo "família"...) o resultado consegue prender mais atenção do que todos os Atividades Paranormais juntos. A direção do espanhol Gonzalo López Gallego pode não ser nenhuma maravilha, mas resulta eficiente quando o roteiro coopera na tensão e para de investir em diálogos bobocas. No fim das contas o destaque fica é do ator Lloyd Owen na pele do contaminado Nate, mesmo contando com uma maquiagem nojenta Lloyd dá (literalmente) o sangue pela insanidade do personagem.
Apollo 18 (EUA/2011) de Gonzalo López Gallego com Lloyd Owen, Warren Christie e Ryan Robbins ☻☻
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