Tom Hardy: ofuscado por Charlize Theron.
Celebrado desde o seu lançamento, Mad Max - Estrada da Fúria colecionou fãs e críticas positivas ao longo de 2015. Não foram poucos os que clamavam indicações ao Oscar ao filme e a obra realmente conseguiu o reconhecimento das premiações! É interessante como o diretor George Miller retorna ao universo que o consagrou em 1979, onde num mundo pós-apocalíptico o misterioso Max (na época vivido por Mel Gibson) se envolve em aventuras com um bando de maltrapilhos violentos). O original tornou-se cult e recebeu duas sequências (em 1981 e 1985), todas dirigidas por Miller. Nos últimos anos, Miller dedicou-se a filmes mais voltados para as crianças que alcançaram grande sucesso junto à Academia - o fofo Babe - O Porquinho Atrapalhado/1998 (que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, lembra?) e a animação Happy Feet/2006 (que ganhou o Oscar de melhor animação), portanto, fica ainda mais interessante que quando o diretor retoma a violência que o consagrou no final da década de 1970, a Academia se curve mais uma vez diante do seu talento. Miller fez questão de lembrar que Mad Max - Estrada da Fúria é tudo que ele gostaria de ter feito no filme original, mas que infelizmente não tinha dinheiro e tecnologia disponível. O resultado é que Estrada da Fúria é um grande delírio visual, com ação desenfreada, barulhos ensurdecedores, efeitos especiais bem trabalhados e uma estética impactante que prende o espectador do início ao fim. Pena que o roteiro não tem nada de especial para quem conhece a série, especialmente se você percebia que a maior inspiração de Miller para realizar a série era... o faroeste. Aqui a trama evoca uma grande diligência num mundo que tornou-se um vasto deserto com pessoas descontroladas por toda parte. Nesse mundo governado por um sujeito insano chamado Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), uma de suas esposas foge com outras quatro (sendo uma delas grávida). Charlize Theron dá o sangue para a esposa rebelde Furiosa, que deseja voltar para as suas origens, onde mulheres não precisam gerar homens para a guerra. Seu caminho irá cruzar com Max (Tom Hardy) que tenta fugir do destino de ser apenas uma "bolsa de sangue" para o problemático Nux (Nicholas Hoult). Perseguidos, os casal se tornará aliado contra o comando de Joe e seus seguidores. O texto não se preocupa em desenvolver os personagens (e a mudança brusca de Nux é o que mais de deixou cabreiro), deixa que as cenas de ação façam isso para a plateia, no entanto, sempre fica a estranha sensação que o Max está em segundo plano nea história. Hardy se esforça, sabemos que ele é um bom ator, mas é Charlize que domina o filme com seu olhar de desesperança num mundo em ruínas. A atriz é responsável prelo principal material humano de um filme de uma estética impressionante (e que por vezes tenta se equilibrar num desfile de bizarrices) conduzido por Miller com um rigor palpável maior do que estamos acostumados a ver nesse tipo de filme. Com dez indicações ao Oscar, incluindo filme e direção, o filme deve triunfar somente nas categorias técnicas. Miller já revelou que tem mais duas histórias para contar nesse universo repaginado, seu maior desafio será manter o pique e dar mais destaque ao seu protagonista no que vem por aí.
Mad Max - Estrada da Fúria (Mad Max - Fury Road/Austrália-2015) de George Miller com Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult e Zoë Kravitz. ☻☻☻
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