sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

CICLO FILMES D+: Tootsie

Lange e Hoffman: questões de gênero. 

Sempre tenho impressão que Hollywood não dá o devido valor a Dustin Hoffman. Eu até me perco quando tento lembrar de todos os filmes de ouro que estão em seu currículo, um deles, com certeza é Tootsie, uma das melhores comédias que o cinema americano já realizou. O roteiro (feito na colaboração de sete pessoas) conta a história de Michael Dorsey (Hoffman), um ator desempregado que sempre perde os papéis por ser muito novo, ou muito velho, ou muito baixo... chega uma hora que Dorsey está cansado de dar aulas de arte dramática e quer finalmente ter o seu talento reconhecido. Eis que por acaso ele acompanha uma amiga, Sandy (Teri Garr) para um teste de elenco uma novela e sente-se tentado a concorrer para o papel feminino que ela tanto almejava. Michael Dorsey se torna Dorothy Michaels, uma atriz forte e um tanto temperamental que irá virar do avesso o tal programa. Com discurso feminista, Dorothy começa a mudar os rumos dos personagens, especialmente as femininas, que começam a ter mais personalidade e espaço na história. Ela influencia principalmente Julie (Jessica Lange, que ganhou o Oscar de atriz coadjuvante), que namora o diretor da novela (Dabney Coleman) enquanto tem um bebê para dar conta. É a proximidade com Julie que torna a vida de Dorsey/Dorothy mais complicada, já que ele não resiste aos encantos da moça - enquanto o pai dela (Charles Durning) não resiste aos encantos de Dorothy - e isso prejudica ainda mais o seu desastrado relacionamento com Sandy. Misture ainda um galã veterano cheio de amor para dar (George Gaynes) e um roteirista em busca de reconhecimento (Bill Murray) e você terá um grupo de personagens capazes de gerar muitos desentendimentos com as duas personalidades de Dorsey, que na pele de Dorothy se torna um ícone da cultura americana. Para além de todas as confusões em que o protagonista se mete (com uma hilariante revelação, truncada como só os finais de novelões podem ser), o filme ainda apresenta questões de gênero bastante atuais (com destaque para a confusão emocional vivida por Julie) além de toques feministas que ainda fazem todo o sentido. O diretor Sydney Polack realiza aqui um dos seus trabalhos mais memoráveis (e ainda garante para si o papel do agente, um tanto perdido, diante da virada na carreira de Michael), além disso, o elenco funciona em perfeita sintonia (repare Geena Davis novinha no elenco de apoio). O filme concorreu em dez categorias no Oscar e levou somente uma para casa. Apesar de apreciar a atuação de Ben Kingsley como Gandhi, todos iriam entender se o Oscar de melhor ator fosse para Hoffman naquele ano. Tootsie é considerado pelo American Film Institute como o segundo filme mais engraçado da história (perdendo apenas para Quanto Mais Quente Melhor/1959). 

Tootsie (Tootsie/EUA-1982) de Sidney Polack com Dustin Hoffman, Jessica Lange, Terri Garr, Bill Murray, GEorge Gaynes, Charles Durning e Sidney Polack. ☻☻☻☻☻

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