Adrien e Yvonne: aprendiz de noir.
Pode se dizer que Adrien Brody se esforça mas público e crítica são cada vez mais indiferentes aos seus filmes. Manhattan Nocturne me pareceu mais falado antes de seu lançamento do que quando chegou finalmente às salas de cinema. Baseado na obra de Colin Harrison, o longa dirigido por Brian DeCubellis (experiente em trabalhos para televisão) é declaradamente um exercício de filme noir, com a história da femme fatale que contrata alguém para ajudá-la com problemas pessoais depois que mexeu com quem não devia. Estão presentes a narrativa em off do investigador que não faz a mínima ideia de onde se meteu, os fantasmas do passado que saem do porão quando menos se espera e as cenas sensuais que fazem um homem correto ter medo de ir para o inferno. Brody interpreta um jornalista investigativo chamado Porter Wren, que por conta de uma matéria ficou famoso na cidade. Wren no entanto prefere ter uma vida reservada ao lado da esposa (Jennifer Beals) e dos filhos. É interessante como o diretor apresenta o lar do protagonista como um universo paralelo à sordidez que ele mergulha ao conhecer a loura Caroline Crowley (a promissora Yvonne Strahovski), viúva de um diretor de cinema, Simon Crowley (Campbell Scott, bem distante da pinta de galã dos anos 1990) que é apresentado como um sujeito perturbado nos bastidores de sua vida pública. A morte de Simon foi cercada de mistério, já que seu corpo foi encontrado dentro de um prédio interditado para demolição e Caroline quer descobrir mais sobre o que de fato aconteceu. No entanto, existe outros mistérios rondando a viúva, já que ela é constantemente ameaçada por um milionário chantageado - o qual acredita que Caroline está envolvida com as ameaças que recebe. Criar um bom noir não é tarefa fácil. É preciso manter o crescente clima de mistério, descascar personagens sem muita cortesia e embaralhar crimes e motivações de forma que tudo faça sentido no final. Manhattan Nocturne tenta fazer isso, mas erra na atmosfera por acreditar demais na pureza de seu protagonista e tropeça no ritmo várias vezes (reparem como o milionário malvado fica bonzinho rapidinho). O alento é que no emaranhado de mistérios você pode até querer saber o desfecho da história da boa moça que se deu mal ao embarcar num relacionamento abusivo (e Campbell Scott está realmente nojento no papel do marido esquisito) - e a grande revelação dos últimos minutos é realmente arrepiante. Porém, nada impede que você considere Adrien Brody cada vez mais repetitivo (pelamordeDeus coloquem o cara numa comédia, num papel de vilão, de drag queen, de alienígena, de astronauta, de super-herói... ele dá conta, acreditem em mim! Ele tem até um Oscar na estante!), sorte que você ainda pode se impressionar com Jennifer Beals (a musa de Flashdance/1983) que aos 53 anos continua linda e banhada em formol.
Manhattan Nocturne (Manhattan Night/EUA-2016) de Brian de Cubellis com Adrien Brody, Yvonne Strahovski, Jennifer Beals, Campbell Scott e Will Beinbrink. ☻☻
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