J.Law e Chris: dilema moral para debaixo do tapete espacial.
Com a presença do astro do momento (Chris Pratt) e a darling Jennifer Lawrence, os produtores resolveram lançar Passageiros, equivocadamente, entre os pesos pesados da temporada de premiações do ano passado, o resultado foi um filme massacrado pela crítica. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum (indicado ao Oscar de direção por O Jogo da Imitação/2014) o filme tem como melhor o visual (que foi indicado ao Oscar, assim como a trilha sonora) que emoldura dois protagonistas carismáticos defendendo um roteiro cheio de problemas - que deixa a impressão de que a ideia inicial foi tão alterada que tudo perde um pouco o sentido ao chegar ao final. Ambientado em uma nave espacial que carrega mais de quinhentas mil pessoas adormecidas para uma nova vida em outro planeta, a história começa quando uma chuva de meteoros causa um problema na câmara do mecânico Jim Preston (Chris Pratt) que acorda noventa anos antes da chegada em seu destino. Ele faz o que pode para tentar contornar o problema, mas passa um ano sozinho conversando com um androide barman (Michael Sheen) e se cansando do café da manhã repetido (afinal, ele não era de primeira classe). Eis que surge então o grande dilema do filme: Jim resolve ter companhia e desperta outra passageira, a jornalista Aurora Lane (Lawrence). A situação é um tanto sombria, já que ao despertar a bela Aurora 89 anos do necessário, ele automaticamente designou a ela o mesmo destino de vagar pelo espaço até a morte. Jim guarda o segredo e fica difícil contornar as consequências de sua atitude junto ao público, embora ajude o fato de Chris Pratt ser um bom ator (e mesmo perdido peso e ganho pinta de galã, ele ainda tem aquele jeito de ser inconsequente feito um guri), fica difícil não ficar com raiva quando Aurora se envolve com ele para logo depois expressar todo o ódio pela crueldade do ato daquele que deveria ser o nosso herói. Um tema assim tão delicado já daria para desenvolver o filme inteiro, mas... resolveram criar uma trama cheia de ação e aventura para fazer você voltar a torcer para que Jim e Aurora fiquem juntos no final, um objetivo capenga para o que deveria ser uma discussão interessante sobre o limite do poder que alguém pode ter sobre a vida do outro. Com a mudança brusca na narrativa sobra pouco tempo para desenvolver uma ideia complicada, ou seja, Passageiros segue relativamente bem até o momento em que se esquiva de mostrar o simpático Preston como um dos personagens masculinos mais vis da história do cinema. Pratt faz de tudo para torná-lo adorável, Lawrence aos poucos cede a se tornar uma personagem de comédia romântica e o filme aos poucos se curva para o previsível, desperdiçando uma ideia que poderia render discussões mais interessantes do que mais uma nave espacial em perigo. Sorte que quem acorda primeiro é justamente um mecânico!
Passageiros (Passengers/EUA-2016) de Morten Tyldum com Chris Pratt, Jennifer Lawrence e Michael Sheen. ☻☻
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