quarta-feira, 30 de maio de 2018

10+ Mike Nichols

O cineasta Mike Nichols faleceu em 2014, mas deixou filmes memoráveis para que possamos lembrar dele. Entre comédias e dramas, textos originais e adaptações, ele poderia fazer um filme despretensioso em um ano e depois mergulhar em polêmicas sobre sexo, ética profissional, campanhas políticas, homofobia e adultério. Bem-humorado, Mike não teve medo de bancar projetos arriscados com a confiança de quem ganhou seu primeiro Oscar de direção aos 34 anos de idade (isto por seu segundo filme). Esta lista é para lembrar os meus dez trabalhos favoritos do diretor:

#10 A Difícil Arte de Amar (1986)
O texto com tom autobiográfico de Nora Ephron (que escreveu o livro e o roteiro baseado nele) ganha uma atmosfera de comédia romântica que logo de torna dramática pelas mãos do diretor. O casamento aparece em todas as suas fases: a sedução, a paixão inicial, o filho, o tédio, a crise, o fim, o recomeço... Tudo costurado com uma atuação pouco lembrada de Meryl Streep que acerta o tom da esposa casada com um Jack Nicholson da vida. Só para lembrar, Mike Nichols foi casado quatro vezes...

#09 A Gaiola das Loucas (1996)
Dezoito anos depois do filme original (uma produção franco-italiana que é sucesso até hoje), Mike Nichols foi responsável pela refilmagem feita por encomenda. Mike fez do filme um sucesso, sobretudo pelas ótimas atuações do elenco encabeçado por Robin Williams e Nathan Lane (vivendo o casal Armand e Albert) que precisam lidar com o noivado do filho com a herdeira de um político conservador (vivido por Gene Hackman). Animado e colorido, o filme pode não se tornar um clássico, mas garante boas risadas. 

#08 Silkwood (1983)
Karen Silkwood trabalhava com plutônio em uma usina nuclear e descobriu um perigoso processo de contaminação que lhe renderá torturas psicológicas e, provavelmente, seu assassinato. O drama verídico contado com cores fortes recebeu cinco indicações para o Oscar: direção, roteiro original, edição, atriz (Meryl Streep) e rendeu a primeira indicação ao Oscar para Cher (indicada como coadjuvante por um papel despido de qualquer glamour). Um filme assustador que sempre merece ser revisto. 

#07 Segredos do Poder (1998)
O lado mais polêmico do diretor também apareceu quando levou para as telas o filme baseado no livro Cores Primárias de Joe Klein em que se aborda com cores sarcásticas a ascensão política de Bill Clinton. Aqui conhecemos a história de Jack Stanton (John Travolta), charmoso governador que sonha em ser presidente dos Estados Unidos, mas um escândalo sexual pode colocar tudo a perder. Pouca gente entendeu as intenções do filme e o resultado dividiu opiniões, sendo mais subestimado do que deveria, embora tenha uma narrativa bastante envolvente para o tema que aborda. 

#06 Lembranças de Hollywood (1990)
Nos anos 1980 a autobiografia de Carrie Fisher se tornou um sucesso literário, especialmente por contar com humor agudo e (bastante) ácido suas desventuras como atriz, seu relacionamento com a mãe, romances complicados, os problemas com álcool e drogas. Não bastasse isso o filme gerou um filme agridoce estrelado por Meryl Streep e Shirley MacLaine, vivendo mãe e filha numa (dis)sintonia perfeita. O filme rendeu a nona indicação ao Oscar para Meryl - e colocou Mike no posto de seu diretor favorito. 

#05 Closer - Perto Demais (2004)
Escolher as colocações dos filmes que aparecem daqui para a frente foi bastante complicado... Closer foi o último grande filme do diretor (depois ele ainda fez Jogos do Poder/2007, que é seu trabalho que menos admiro). Aqui ele trata o texto áspero de Patrick Marber com maestria, alternando o tom de romance e desilusão nos quatro atos que compõem o filme. Com isso ele consegue atuações magistrais de todo o seu elenco. O quadrilátero amoroso rendeu vários prêmios para Natalie Portman e Clive Owen (que foram premiados no Globo de Ouro e indicados ao Oscar de coadjuvante).

#04 Quem Tem Medo de Virginia Woolf (1965)
Ainda tenho arrepios ao ver alguns trechos desta adaptação feroz do texto de Edward Albee para o cinema. Em sua estreia, Mike assumiu um bocado de desafios: escalar uma jovem Elizabeth Taylor para fazê-la engordar e ficar grisalha para viver uma mulher vinte anos mais velha, explorar a química dela ao lado do esposo (Richard Burton) durante as filmagens de um casal em crise, filmar colorido e converter para preto e branco... o resultado foram 13 indicações ao Oscar, incluindo filme e direção, além de cinco prêmios - um dele para o trabalho assustador de Liz Taylor. 

#03 Uma Secretária de Futuro (1988)
Como esquecer de uma das minhas comédias favoritas do anos 1980?! Foi com este filme que conheci o trabalho de Mike Nichols (e eu tinha uns dez anos na época) e percebi como ele era um sujeito esperto! Cada vez que eu vejo o filme eu descubro um detalhe que me faz gostar cada vez mais dele! Sem falar que o texto de Kevin Wade é uma delícia na história que fez Melanie Grifith dar o sangue pela personagem do título! Ah e ainda tem aquela piada com Sigourney Weaver e o macaco de pelúcia que extrapola as barreiras do filme. Não viu? Veja!

#02 Angels in America (2003)
Desde o fracasso de Segredos do Poder (1998) o diretor ficou em baixa, tendo dificuldade para financiar projetos no cinema. Sua volta por cima veio com esta minissérie que é praticamente um filme com quase seis horas de duração baseado na peça de Tony Kushner sobre o avanço da AIDS nos anos 1980. Repleto de personagens homossexuais, o elenco espetacular (Al Pacino, Emma Thompson, Patrick Wilson, Jeffrey Wright, Mary Louise Parker, Meryl Streep...) encarna personagens que precisam lidar com esta nova realidade. Nichols capricha no tom apocalíptico da produção e fez bonito no Globo de Ouro, SAG e Emmy. Um marco na história da TV. 

#01 A Primeira Noite de Um Homem (1966)
Mesmo em seus trabalhos menos reconhecidos, Mike Nichols apresenta um verdadeiro dom para extrair o melhor de seus atores diante da câmera. A Primeira Noite do Homem foi seu segundo filme e comprovou isto. Dustin Hoffman era um ator desconhecido quando foi escalado para ser seduzido pela experiente senhora Robinson (Anne Bancroft) ao mesmo tempo em que lida com os temores da vida adulta. Tudo funciona tão bem que pouca gente se deu conta de que a diferença de idade entre Dustin e Anne era só de seis anos! O filme se tornou um clássico instantâneo e ainda hoje é mais moderno que metades dos que concorrem ao Oscar todos os anos. 

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