Jack Lowden: Mossissey antes da fama.
A banda The Smiths se tornou uma das melhores dos anos 1980 (se não for a melhor). Tendo início em 1982 e fim em 1987, a banda conquista fãs até hoje com suas letras e melodias. Nascida em Manchester, a banda apresenta o casamento perfeito entre a guitarra elegante de Johnny Marr e as composições de Steve Patrick Morrissey, juntos, eles formavam a alma do grupo. Contar a pré-história deste marco na história da música está longe de ser uma tarefa fácil, especialmente quando o foco recai sobre a juventude de Morrissey, ícone da música e artista temperamental que o tempo ajudou a nos fazer entender que estava longe de ser convencional. O cineasta Mark Gill (que foi indicado ao Oscar por seu primeiro curta-metragem The Voorman Problem/2011) marca sua estreia em longa-metragem com um grande desafio nas mãos, sobretudo por enfatizar a adolescência melancólica do protagonista. England is Mine é uma biografia não autorizada construída a partir de alguns relatos sobre como era o jovem Steve antes do estrelato. Steve passa a maior parte do tempo escrevendo em um caderno que é meio diário, meio registro de poesias, ali registra todo o seu tédio com o mundo que o cerca, além do incômodo de se sentir diferente de todo o resto da humanidade, no entanto, ele precisa sair de sua casca se quiser que algo mude. Embora apareçam algumas amigas, fica claro que sua melhor companhia era mesmo a máquina de escrever, amiga fiel para as horas em que fica trancado no quarto ouvindo música. Embora apareça trabalhando em um escritório e depois em um hospital, ele aparece como um peixe fora d'água nestes espaços - e isso só fica ainda mais claro quando assume os vocais de uma banda e acredita que somente ali ele era realmente aceito. A forma como Morrissey é apresentado consegue ser bastante convincente, especialmente pelo trabalho de Jack Lowden (um dos jovens atores de Dunkirk/2017), que pode até não ser parecido com o biografado, mas consegue vender a ideia de que toda a identidade do artista já estava ali (inclusive a inspiração para algumas canções como The Heaven knows I'm a Miserable Now, Cemetry Gates, The Boy With a Thorn in his Side e até Girl Afraid). É Lowden que nos deixa perceber nas entrelinhas a dificuldade de Morrissey para lidar consigo mesmo, inclusive com sua sexualidade - embora várias meninas atravessem seu caminho, nenhuma delas desperta seu interesse. No entanto, na insistência de retratar como a vida de um jovem incompreendido poderia ser entediante em Manchester (especialmente entre 1976 e 1982) o filme se torna um tanto monótono, perdendo a chance de explorar ainda mais o humor proporcionado pela postura e diálogos rebuscados do rapaz. A fotografia cinzenta também não ajuda muito, deixando para trilha sonora esperta e o elenco ajudarem a manter o interesse pela história. Nesta inércia, cada vez que o jovem Johnny Marr (Laurie Kynaston) aparece em cena, sentimos uma fagulha de alegria na crença de que toda aquele inércia ficará para trás.
England is Mine (Reino Unido/2017) de Mark Gill com Jack Lowden, Jessica Brown Findlay, Simone Kirby, Peter McDonald, Adam Lawrence, Katherine Pearce, Jodie Comer e Laurie Kynaston. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário