Chapman e Idle: confusão histórica.
Há mais de dois mil anos, três reis magos foram visitar um bebê que acabara de nascer. Acreditavam que ele era o filho de Deus capaz de revolucionar o mundo pregando o amor e a tolerância - embora sua mãe não fosse lá muito simpática, para falar a verdade, ela era bem grosseira... o que logo os fez imaginar que estavam na casa errada, presenteando o menino errado. Aquele não era Jesus, era Brian mesmo. A vida se encarregará de repetir esta confusão ao longo de toda a trajetória de Brian, que será perseguido por soldados romanos, será cultuado - embora sempre tentasse levar uma vida discreta sem chamar atenção - e até crucificado (num dos números musicais mais bizarros da história do cinema). Não é difícil imaginar que quando os humoristas do Monty Python resolveram lançar A Vida de Brian, os mais ferrenhos o considerou uma verdadeira blasfêmia contra o cristianismo, mas o que vemos na trama não é a história de Cristo, mas a do pobre Brian. Interpretado magnificamente bem por Graham Chapman, ele está sempre em pânico sobre a próxima cilada em que irá se meter. É verdade que os humoristas capricham em algumas provocações, mas elas estão longe de ser ofensivas à religião, soando mais como alfinetadas ao fanatismo religioso. Desde que as pessoas começam a acreditar que Brian é o novo messias ele não tem mais sossego, nem depois de ter uma noite de amor com a mulher de sua vida. A multidão o persegue a todo instante e não importa o que ele diga, as pessoas acreditam que ele é capaz de realizar milagres e salvar a alma de quem o seguir. Mas nem tudo gira em torno do protagonista, existem várias gracinhas sobre o imperador romano (Michael Palin), com direito até a uma que se repete ao infinito, e aos rebeldes que tentavam destruir a tirania romana. No entanto, não espere muita lógica do roteiro, embora tenha começo meio e fim, os integrantes do Monty Python não disfarçam que a intenção é fazer rir (por isso mesmo todos interpretam vários papéis, incluindo a masculinizada mãe de Brian e John Cleese nem disfarça que toda hora aparece na pele de um personagem diferente. Embora o filme deslize em alguns delírios (como a cena com alienígenas no disco voador), A Vida de Brian ainda é bem engraçado e ainda serve de lição para quem ainda não acerta o tom na hora de fazer graça com assuntos que esbarrem em temáticas religiosas. Para conhecer ou rever obra do grupo, vale lembrar que a Netflix disponibilizou os três longas do grupo e o provocador programa Flying Circus, que marcou época e revolucionou a forma de fazer humor na Inglaterra e no mundo.
A Vida de Brian (Life of Brian/Reino Unido - 1979) de Terry Jones com Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin. ☻☻☻☻
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