Nichols: vários clássicos no currículo.
Michael Igor Peschkowsky, mais conhecido como Mike Nichols, faleceu em 2014 deixando obras memoráveis. Com cinco indicações ao Oscar, quatro na categoria de melhor diretor, Nichols se tornou um dos mais jovens diretores a receber o Oscar de direção pelo seu trabalho em A Primeira Noite de Um Homem (1966), obra que o tornou referência para muitos cineastas. Para conhecer um pouco mais sobre a carreira deste senhor, vale a pena ver o documentário da HBO, disponível no serviço de streaming e que de vez em quando é exibido pela emissora. A produção foi lançada dois anos após o falecimento de Mike. A base do documentário é uma entrevista concedida ao diretor de teatro Jack O'Brien onde o cineasta fala sobre sua carreira não apenas como diretor, mas também como ator, produtor e comediante. Eu não fazia ideia de que Mike teve uma carreira reconhecida no teatro com os números de improviso com Elaine May ao final da década de 1950. Os dois ganharam fama com o humor inovador e até surreal diante das plateias americanas, mais interessante ainda é ver Mike muitíssimo bem-humorado durante a entrevista, relatando suas experiências como se fossem piadas prontas. Porém, nem tudo é alegria na vida do artista, seus relatos sobre a fuga da Alemanha durante a ascensão nazista com os pais deve ser o momento mais tenso de sua narrativa, logo seguida da dificuldade em entender e falar inglês durante a infância nos EUA. O filme não aprofunda muitas questões sobre a vida particular do diretor, deixando sua vida familiar principalmente restrita ao convívio com os pais. Por outro lado, a paixão pelo teatro e pelos filmes nos faz entender a vitalidade de várias de suas obras. Além de seus trabalhos como nos palcos, a entrevista destaca seus dois primeiros trabalhos no cinema. Sua estreia foi a ousada versão de Quem Tem Medo de Virginia Woolf (1965) - que foi indicada a 13 Oscars e levou cinco, incluindo melhor atriz para Elizabeth Taylor. Interessante perceber como o diretor estreante foi destemido ao escalar Liz Taylor (duas décadas mais jovem que a personagem) e a mandou engordar para o papel, assim como fazê-la contracenar com o esposo Richard Burton. Sem dúvida a intensidade passional do casal foi captada pela câmera e o resultado é um filme que ainda hoje impressiona por sua linguagem moderna. Em seguida o diretor fez A Primeira Noite de Um Homem (1966), revelou Dustin Hoffman para o mundo, usou música pop na trilha sonora, viu o filme ser indicado a sete Oscars e levar somente um para casa: melhor direção. Até hoje os dois filmes são referências de narrativas modernas em Hollywood. Infelizmente o documentário não destaca os outros filmes do diretor. Eu adoraria vê-lo comentar sobre seus trabalhos posteriores, mesmo aqueles que não foram reconhecidos por prêmios, público ou crítica. Adoraria ouvir suas gracinhas sobre os bastidores de obras importantes como Silkwood (1983), Uma Secretária de Futuro (1988), Closer (2004) e a série Angels in America (2003), além de suas parcerias com Meryl Streep (que trabalhou quatro vezes com o diretor) e Jack Nicholson (com quem filmou duas vezes), mas... não foi desta vez. O maior problema de Becoming Mike Nichols é que ele termina quando a carreira do cineasta começa a acontecer.
Becoming Mike Nichols (EUA-2016) de Douglas McGrath com Mike Nichols e Jack O'Brien. ☻☻☻
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