Shannon e Cumberbatch: disputa entre Westinghouse e Thomas Edison.
Presente no catálogo Prime Video, A Batalha das Correntes é um do exemplo de filme interessante que enfrentou problemas em sua distribuição. Exibido pela primeira vez no Festival de Toronto em 2017, o filme ficou recluso ao circuito dos festivais até que foi lançado na Argentina em 2018. E só. Em alguns países ele foi exibido em 2019 (no Brasil ele foi lançado em dezembro do ano passado) e chegou aos Estados Unidos somente através da Internet em março deste ano. O filme também teve problemas quando os processos sobre o produtor Harvey Weinstein começaram a aparecer nos jornais. Passado tudo isso, a disputa entre George Westinghouse (Michael Shannon) e Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) sobre como deveria ser realizada a distribuição de energia elétrica não chamou muita atenção por onde foi exibido. Enquanto Westinghouse postulava o uso da energia alternada, Edison defendia o uso da corrente contínua. Dotados de personalidades fortes, a pendenga rendeu até campanhas de desmoralização de um pelo outro - principalmente com Edison pregando que o tipo de distribuição realizada pelo seu concorrente era perigosa e poderia até matar pessoas. Ironicamente, no meio desta discussão, os dois acabam se envolvendo com a criação da cadeira elétrica (algo que nenhum dos dois gostaria de ter envolvimento). O cineasta texano Alfonso Gomez-Rejon ganhou algum reconhecimento com Eu, Você e a Garota que Vai Morrer/2015, mas aqui opta por um caminho completamente diferente, com menos humor e emoção, ele se dedica a um filme de época com personagens reais e texto cheio de explicações científicas. Trata-se de um projeto ambicioso, mas que padece por simplificar demais a história que tem para contar. Por conta da disputa entre os dois protagonistas, suas vidas pessoais ficam de lado mesmo quando poderiam receber destaque na história (sobretudo acerca da esposa de Thomas Edison que me pareceu corrido e subaproveitado). A edição no início também exagera nos cortes rápidos e causa estranhamento até que encontre seu ritmo, que aparece justamente quando os personagens deixam de ser tratados como gênios se tornam humanos em suas mesquinharias. É uma delícia ver Michael Shannon na pele de um sujeito normal que não está a beira do surto e Cumberbatch segue seu padrão para viver personagens geniais (seja na série Sherlock ou no filme O Jogo da Imitação/2014) que se aparecer descascando uma laranja, você já acredita que o cara tem uma inteligência acima da média. Mas não é apenas destes dois que o filme sobrevive, o roteiro conta ainda com Nicholas Hoult (cada vez melhor) na pele de Nikolas Tesla (que pende entre um personagem e outro ao longo da história e merecia mais destaque nesta história) e Tom Holland como fiel assistente de Edison. Embora soturno demais para a história que tem em mãos, A Batalha das Correntes merece atenção, ainda que seja para conhecer a origem de algo tão presente em nossas vidas e que não fazemos ideia dos fatos que estavam por trás dela.
A Batalha das Correntes (The Current War / EUA-2017) de Alfonso Gomez-Rejon com Benedict Cumberbatch, Michael Shannon, Nicholas Hoult, Tom Holland, Catherine Waterston, Oliver Powell e Matthew Macfadyen. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário