Alonso: bom ator não faz milagre.
Apoiado na imensa popularidade de Pedro Alonso (o talentoso Berlim de A Casa de Papel), a Netflix produziu este filme espanhol que parte de uma ideia interessante, mas acaba se perdendo em violência e tentativas de criar uma narrativa surpreendente. O filme conta a história de um escritor (Pedro Alonso) que se tornou famoso por uma série de livros sobre assassinatos em que mantem o mistério sobre as motivações do protagonista. Em uma noite de autógrafos ele é até indagado por uma fã que pergunta se algum dia ele irá explicar os motivos de seu personagem continuar matando... você pode imaginar a resposta. Além de motivar o mistério, o filme começa a embaralhar a personalidade do escritor com seu personagem, oferecendo a ideia de que ele inspira em si mesmo para construir aquelas histórias, ainda que para isso tenha que cometer crimes. Ao que tudo indica seu próximo livro será sobre Ferrán Carretero (José Angel Égido) renomado professor de economia de uma Universidade recém envolvido num esquema de corrupção. Assim que Ferrán desaparece, uma série de surpresas a respeito de seu caráter começam a surgir e o público terá que lidar com cenas de tortura, lutas realistas e sangue, muito sangue. Para tentar manter o equilíbrio da história está a discrição do ator principal que defende seu personagem como pode, ainda que aos poucos ele se torno cada vez menos interessante. O roteiro cria tantas peripécias que lá pela metade eu já estava cansado do que estava assistindo. Interessa a alguém tanta mistura de assassinos, traficantes e psicopatas enquanto um cidadão fica sentado em sua máquina de datilografia. Baseado no livro de Juanjo Braulio, o diretor Marc Vigil (que já trabalhou com o Alonso na série O Ministério do Tempo) aos poucos se desvia de uma premissa cheia de possibilidades para mais um filme sobre o submundo do crime sem muita originalidade alcançando um resultado decepcionante. Quem não se decepciona ao longo da sessão, com certeza ficará chateado com a última cena - ainda que ela possa representar a libertação de seu protagonista de seus pensamentos mais sombrios.
O Silêncio do Pântano (El Silencio del Pantano / Espanha - 2020) de Marc Vigil com Pedro Alonso, Nacho Fresnada, Carmina Barrios, José Angel Égido e Àlex Monner. ☻☻
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