sábado, 25 de julho de 2020

#FDS Oscar.Doc: Free Solo

Alex: a vida em risco. 

Segundo documentário deste #FDS, Free Solo ganhou o Oscar da categoria no ano passado e causou certo estranhamento por não abordar temas engajados ou históricos, mas quem assistiu ao filme produzido pela National Geographic sobre a aventura de um adepto de escaladas sem material de segurança, entendeu plenamente o motivo da premiação. Para começar os diretores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi filmam de forma que o espectador pode sentir parte da emoção de Alex Honnold, o escalador solo que planeja escalar o El Capitón, o paredão de 975 metros em Yosemite  (Califórnia, EUA) sem cordas ou equipamentos de proteção. Com ângulos vertiginosos inacreditáveis o espectador por vezes até se esquece do risco que os documentaristas assumiram neste trabalho, afinal, se Alex fracassar o que teremos é o registro de uma tragédia e não de um momento de superação aventureira. No entanto, se Alex conseguir, será o maior paredão já escalado por qualquer pessoa sem uso de equipamentos, só na garra (na unha mesmo). O arrepio é mais do que garantido ao ver aquele rapaz confiando em suas mãos e pés naquelas fissuras para conquistar seu objetivo a centenas de metros do chão. O filme deixa bem claro que aquela aventura é uma tarefa perigosa (só ficar atento às notícias que aparecem de outros adeptos que se acidentaram ao redor do mundo durante as filmagens) e que muitas pessoas não entendem a motivação de alguém fazer algo tão arriscado - e esta postura fica bem representada no filme pela namorada de Alex que não consegue compreender o que se passa na mente dele. Entre as cenas de preparação e escaladas, o filme explora um pouco a história particular do rapaz. Relatos sobre sua infância e família convivem com cenas de fraturas e aquele exame neurológico em que ele descobre que a parte do seu cérebro responsável pelo medo não é ativada com a mesma facilidade que da maioria dos mortais (tá explicado!). O que diferencia o filme de um programa de aventuras é o cuidado com que as cenas são filmadas para gerar o maior impacto possível na tela de cinema (e acredite, na televisão ainda é impressionante), no entanto, para além do tema e da vida particular um tanto bagunçada do protagonista, o filme poderia cair no clichê de "enfrentar os desafios" ou "superação de limites" mas o evita pela autenticidade com  que apresenta Alex Honnold como um ser humano capaz de sentir dor, medo, frustração e ao mesmo tempo sabe filtrar estas sensações em momentos complicados. Free Solo tem cenas de cair o queixo (e em épocas de CGI o efeito me parece ainda maior), mas dificilmente funcionaria se não construísse um vínculo da plateia com aquele moço pendurado a três mil pés de altura. 

Free Solo (EUA/2018) de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi com Alex Honnold, Tommy Caldwell, Sanni McCandless, Cheyne Lempe e Jimmy Chin. 

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