domingo, 5 de julho de 2020

NªTV: DARK - 3ª Temporada: Final

Louis e Lisa: incesto através do tempo. 

A terceira temporada de DARK estreou no dia 27 de junho e confesso que evitei a curiosidade de maratonar a  série em um dia, preferi assisti aos poucos, um episódio por dia - geralmente à noite antes de dormir. Sei que perante a estrutura da série é um grande risco, já que sua fama de ser complicada deve-se muito ao fato de algum detalhe ser esquecido que ficou entre um episódio e outro (ou uma temporada e outra, o que sempre deixava os fãs aflitos nas lacunas entre elas e com intenção de rever tudo ou procurar resumos na internet quando uma nova temporada se aproximava). DARK no entanto entra para a história como uma série bastante peculiar, já que do primeiro ao último episódio sempre deixou seu espectador caminhando no escuro (será esta a origem do nome em inglês desta série alemã?), sem entender muito bem o que acontecia a maior parte do tempo até que as pontas se amarravam e novas surgiam. Ainda lembro quando assisti a primeira temporada estreou no final de 2017 e muita gente se apressou a comparar com Stranger Things, que já tinha sua segunda temporada (e deixou fãs aflitos com a explicação de que a terceira demoraria mais para ser lançada). No início dá até para entender as comparações, mas conforme a temporada avançava a trama se tornava mais complexa e sombria do que as aventuras daquelas crianças nos anos 1980. Ainda é SPOILER para alguém dizer que DARK promove a trama sobre viagens no tempo mais radical da história do entretenimento? Seus personagens voltam e avançam séculos, assim, se casam antes do ano de seu nascimento, mantem relações de parentesco surreais, conhecem a si mesmo em várias fases da vida, vivem romances proibidos e alteram a ordem "natural" das coisas. Não por acaso se fala muito de um nó (na verdade desencadeador de muitos outros que se embolam de tal forma que torna-se quase impossível de desfazer). Aos poucos descobrimos que existe por trás disso uma verdadeira guerra por manter o fluxo temporal alterado (ou seria não linear?). No final da segunda temporada eu fiquei com receio do que aconteceria com o Apocalipse se concretizando e o(s) desfecho(s) dados para Jonas (Louis Hofmann) e Martha (Lisa Vicari), o medo era que a série poderia beirar o ridículo ao mostrar realidades diferentes, na maior parte da última temporada, os roteiristas elevam tudo a um patamar nunca visto e muita gente deve ter ficado sem entender direito o que acontecia - e acredito que a ideia é esta mesmo. Se já chegamos aqui sabendo que Jonas se torna herói e vilão da própria história, agora não sabemos direito o que é bom ou ruim perante os interesses que estão em jogo. No entanto, em alguns momentos considerei cansativo as mortes, os encontros inusitados ao longo de um mesmo capítulo, a sensação é que aquelas viagens esgarçaram os limites da relação dos personagens ao máximo como uma proposta real dos criadores. Se a ideia parece absurda, ao menos nunca soa ridícula, mesmo quando na reta final tudo se torna mais simples e digno de solução. Existem tantas bifurcações na trama da terceira temporada que ao final eu imaginei que poderia ter visto somente os dois últimos episódios para entender o desfecho, no entanto, faz parte da graça e do prazer dos fãs se perder no meio das pirações da série. Faz parte se sentir tão perdido quanto Jonas e Martha (que merecidamente recebe mais destaque nesta temporada). Neste ponto, vale destacar todo o elenco pelo ótimo trabalho que sempre inseriu credibilidade nas guinadas mais estapafúrdias do programa. Considerada recentemente a melhor série da Netflix e projetada para ter três temporadas desde o início, DARK deixará saudades e sempre poderá ser revista - são só 23 episódios de um quebra-cabeça que vale a pena desvendar. 

DARK -  3ª Temporada (Alemanha/2020) de Baran bo Odar, Jantje Friese com Louis Hofmann, Lisa Vicari, Maja Schönne, Paul Lux, Jördis Triebel, Oliver Masucci, Julika Jenkins, Peter Benedict, Moritz Jahn e Mark Washke. 

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