Natalie: desperdiçada em produção confusa.
Além de Yesterday, outro filme com título inspirado em música dos Beatles foi Lucy in the Sky de Noah Hawley. O filme teve uma produção tumultuada e, como era esperado, ao ser exibido a crítica não curtiu o resultado, assim como a público que não compareceu aos cinemas para ver Natalie Portman como astronauta em crise. O filme foi um fracasso mundial e chegou na maioria dos países através das plataformas digitais. Havia até a expectativa de que Natalie conseguisse outra indicação ao Oscar por sua performance, mas ainda que seja uma atriz notável, ela não consegue fazer milagre com o roteiro desengonçado. Também não ajuda os maneirismos de Noah Hawley, que após trabalhos em séries consagradas (entre elas Bones, Fargo e Legião) estreia como diretor de cinema com esta produção. Quem conhece o trabalho do moço, sabe que ele tem domínio da estética (e aqui ele chama atenção para forma como brinca com o formato de tela e cenas do imaginário da personagem), mas tem dificuldade em criar uma coesão na narrativa. Aqui ele se inspira em fatos reais (mudando nomes e detalhes) para contar a história de Lucy Cola (Natalie Portman) que vive a emoção de visitar o espaço e depois apresenta dificuldades para retornar para a vida cotidiana na Terra. Voltando para a rotina de casa, ao lado do marido (Dan Stevens) e da sobrinha (Pearl Amanda Dickson, que parece muito a Jennifer Lawrence quando era mais jovem), ela sente necessidade de voltar ao espaço e sentir aquela emoção novamente. Nesta busca por sentir algo a mais, ela acaba se envolvendo com um colega de trabalho (Jon Hamm) e temendo a concorrência de colegas mais jovens (Zazie Beetz). O filme se arrasta neste desenvolvimento interno de sua protagonista, busca sua complexidade, mas deixa tudo confuso quando ela percebe que as chances de participar de uma nova missão diminuem. Seu descontentamento com a casa, o casamento e a família se tornam maiores, se expande para os colegas de trabalho, para a vida e ela começa a ver conspirações ao seu redor e o surto se torna inevitável. Natalie Portman faz o que pode para manter o interesse do espectador, mas o roteiro não ajuda e termina dando a impressão de que Lucy é apenas uma mulher desequilibrada e, portanto, não deve mesmo participar de missões da NASA. Seria esta a intenção do filme? Com um tema interessante (e uma música mitológica desperdiçada em sua execução horrenda no filme) o filme é mal desenvolvido, confuso e desperdiça uma atriz que poderia render mais uma atuação memorável.
Lucy in the Sky (EUA-2019) de Noah Hawley com Natalie Portman, Jon Hamm, Dan Stevens, Zazie Beetz, Pearl Amanda Dickson e Ellen Burstyn. ☻☻
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